As Forças de Defesa de Israel (FDI) comunicaram, neste sábado, 28, que Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foi morto em um ataque. O porta-voz militar Avichay Adraee informou que Nasrallah morreu depois de um bombardeio israelense realizado nesta sexta-feira, 27, nos arredores do sul de Beirute, no Líbano.
O bombardeio israelense teve como alvo específico Nasrallah, com o objetivo de eliminar a ameaça representada pelo Hezbollah, declarou um oficial do governo israelense. Hassan Nasrallah, que lidera o grupo terrorista libanês desde 1992, foi fundamental para a transição do Hezbollah de uma milícia para um ator político significativo no Líbano.
Atualmente, o Hezbollah é um dos principais partidos políticos do Líbano e possui um braço armado com um arsenal mais poderoso que o do próprio governo libanês. Sob a liderança de Nasrallah, a influência do grupo terrorista se estendeu a outros países árabes, ampliando sua importância regional no Oriente Médio.
Depois do bombardeio israelense, o Hezbollah perdeu contato com Nasrallah na noite de sexta-feira, de acordo com a agência de notícias Reuters, com base em informações fornecidas por uma fonte próxima ao grupo extremista. Essa perda de contato aumentou as especulações sobre o destino do líder do Hezbollah.
Quem é Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah
Sayyed Hassan Nasrallah era uma figura polarizadora, conhecido por lutar contra Israel e por desafiar os Estados Unidos, recebendo apoio significativo do Irã. Para seus partidários, Nasrallah era um defensor da Palestina e um adversário de Israel. Seus inimigos o consideravam o líder de uma organização terrorista e representante do regime xiita do Irã.
Nasrallah assumiu o cargo de secretário-geral do Hezbollah, em 1992, depois a morte de seu predecessor, Sayyed Abbas al-Musawi, em um ataque israelense. Sob sua liderança, o Hezbollah conseguiu expulsar as forças israelenses do sul do Líbano, em 2000. A ação encerrou uma ocupação de 18 anos e fortalecendo a posição do grupo na região.
O conflito com Israel definiu amplamente a liderança de Nasrallah. Em 2006, depois de 34 dias de guerra com Israel, ele declarou “vitória divina”. A medida garantiu respeito de muitos árabes que haviam visto seus exércitos serem derrotados por Israel ao longo dos anos.
No entanto, a figura de Nasrallah tornou-se cada vez mais divisiva, especialmente com a expansão das operações do Hezbollah para a Síria e outros locais. O envolvimento do grupo na guerra civil síria, em apoio ao presidente Bashar al-Assad, foi justificado por Nasrallah como uma luta contra jihadistas. Porém, críticos acusam o Hezbollah de intensificar o conflito sectário na região.
Internamente, críticos no Líbano argumentam que as ações regionais do Hezbollah prejudicaram o país. Os conflitos teriam afastado o apoio dos países árabes do Golfo e contribuído para a crise financeira de 2019. Nasrallah mantinha um delicado equilíbrio de terror com Israel, acumulando foguetes iranianos como forma de dissuasão.
A guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, resultou no maior confronto entre Hezbollah e Israel desde 2006. O Hezbollah perdeu centenas de combatentes no conflito, incluindo altos comandantes.
Hezbollah e o Hamas
Nasrallah considerava importante a luta do Hezbollah ao lado do grupo terrorista Hamas. A postura reforçou a imagem do Hezbollah como um aliado do Hamas.
“Estamos aqui pagando o preço de nossa frente de apoio a Gaza e ao povo palestino, e nossa adoção da causa palestina”, afirmou em discurso, em 1º de agosto.
Nasrallah cresceu no bairro de Karantina, em Beirute, e sua família é originária de Bazouriyeh, uma vila predominantemente xiita no sul do Líbano. Ele fazia parte de uma geração influenciada pela Revolução Islâmica do Irã em 1979, o que moldou sua visão política e suas ações.
Antes de liderar o Hezbollah, Nasrallah lutou na linha de frente contra as forças de ocupação israelenses. Em 1997, ele perdeu seu filho adolescente, Hadi, em combate, o que lhe conferiu legitimidade entre os seguidores xiitas.
Nasrallah fez diversas ameaças a inimigos poderosos. Durante a guerra em Gaza, ele ameaçou os navios de guerra dos Estados Unidos no Mediterrâneo: “Preparamo-nos para as frotas com as quais vocês nos ameaçam.”
Ameaça contra os EUA
Em 2020, Nasrallah prometeu que os soldados dos EUA deixariam a região em caixões depois do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani. Ele também se manifestou contra a intervenção da Arábia Saudita no Iêmen, criticando as ações de Riade.
Com o aumento das tensões regionais em 2019, Nasrallah aconselhou a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos a interromperem a guerra no Iêmen para sua própria proteção.
“Não apostem em uma guerra contra o Irã porque eles os destruirão”, afirmou Nasrallah, reforçando a posição do Hezbollah contra os adversários regionais.
No Líbano, Nasrallah também enfrentou adversários internos. Em 2008, ele acusou o governo libanês, apoiado pelo Ocidente e pela Arábia Saudita, de declarar guerra ao tentar proibir a rede de comunicação do Hezbollah. Nasrallah prometeu “cortar a mão” que tentasse desmontá-la, resultando em um confronto violento.
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A fala levou a quatro dias de guerra civil, com o Hezbollah enfrentando combatentes sunitas e drusos e assumindo o controle de metade de Beirute. Nasrallah negou envolvimento no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik al-Hariri, em 2005.