terça-feira, novembro 26, 2024
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Quem é Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah que morreu em ataque de Israel

As Forças de Defesa de Israel (FDI) comunicaram, neste sábado, 28, que Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foi morto em um ataque. O porta-voz militar Avichay Adraee informou que Nasrallah morreu depois de um bombardeio israelense realizado nesta sexta-feira, 27, nos arredores do sul de Beirute, no Líbano.

O bombardeio israelense teve como alvo específico Nasrallah, com o objetivo de eliminar a ameaça representada pelo Hezbollah, declarou um oficial do governo israelense. Hassan Nasrallah, que lidera o grupo terrorista libanês desde 1992, foi fundamental para a transição do Hezbollah de uma milícia para um ator político significativo no Líbano.

Atualmente, o Hezbollah é um dos principais partidos políticos do Líbano e possui um braço armado com um arsenal mais poderoso que o do próprio governo libanês. Sob a liderança de Nasrallah, a influência do grupo terrorista se estendeu a outros países árabes, ampliando sua importância regional no Oriente Médio.

Depois do bombardeio israelense, o Hezbollah perdeu contato com Nasrallah na noite de sexta-feira, de acordo com a agência de notícias Reuters, com base em informações fornecidas por uma fonte próxima ao grupo extremista. Essa perda de contato aumentou as especulações sobre o destino do líder do Hezbollah.

Quem é Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah

Hassan Nasrallah, do Hezbollah, foi alvo de bombardeio de Israel
Hassan Nasrallah, do Hezbollah, foi alvo de bombardeio de Israel | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons/La Croix

Sayyed Hassan Nasrallah era uma figura polarizadora, conhecido por lutar contra Israel e por desafiar os Estados Unidos, recebendo apoio significativo do Irã. Para seus partidários, Nasrallah era um defensor da Palestina e um adversário de Israel. Seus inimigos o consideravam o líder de uma organização terrorista e representante do regime xiita do Irã.

Nasrallah assumiu o cargo de secretário-geral do Hezbollah, em 1992, depois a morte de seu predecessor, Sayyed Abbas al-Musawi, em um ataque israelense. Sob sua liderança, o Hezbollah conseguiu expulsar as forças israelenses do sul do Líbano, em 2000. A ação encerrou uma ocupação de 18 anos e fortalecendo a posição do grupo na região.

O conflito com Israel definiu amplamente a liderança de Nasrallah. Em 2006, depois de 34 dias de guerra com Israel, ele declarou “vitória divina”. A medida garantiu respeito de muitos árabes que haviam visto seus exércitos serem derrotados por Israel ao longo dos anos.

No entanto, a figura de Nasrallah tornou-se cada vez mais divisiva, especialmente com a expansão das operações do Hezbollah para a Síria e outros locais. O envolvimento do grupo na guerra civil síria, em apoio ao presidente Bashar al-Assad, foi justificado por Nasrallah como uma luta contra jihadistas. Porém, críticos acusam o Hezbollah de intensificar o conflito sectário na região.

Internamente, críticos no Líbano argumentam que as ações regionais do Hezbollah prejudicaram o país. Os conflitos teriam afastado o apoio dos países árabes do Golfo e contribuído para a crise financeira de 2019. Nasrallah mantinha um delicado equilíbrio de terror com Israel, acumulando foguetes iranianos como forma de dissuasão.

A guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, resultou no maior confronto entre Hezbollah e Israel desde 2006. O Hezbollah perdeu centenas de combatentes no conflito, incluindo altos comandantes.

Hezbollah e o Hamas

Israel ataca Beirute
Beirute foi atacada por mísseis de Israel enquanto premier Benjamin Netanyahu discursava na ONU | Foto: IRNA/Fotos Públicas

Nasrallah considerava importante a luta do Hezbollah ao lado do grupo terrorista Hamas. A postura reforçou a imagem do Hezbollah como um aliado do Hamas.

“Estamos aqui pagando o preço de nossa frente de apoio a Gaza e ao povo palestino, e nossa adoção da causa palestina”, afirmou em discurso, em 1º de agosto.

Nasrallah cresceu no bairro de Karantina, em Beirute, e sua família é originária de Bazouriyeh, uma vila predominantemente xiita no sul do Líbano. Ele fazia parte de uma geração influenciada pela Revolução Islâmica do Irã em 1979, o que moldou sua visão política e suas ações.

Antes de liderar o Hezbollah, Nasrallah lutou na linha de frente contra as forças de ocupação israelenses. Em 1997, ele perdeu seu filho adolescente, Hadi, em combate, o que lhe conferiu legitimidade entre os seguidores xiitas.

Nasrallah fez diversas ameaças a inimigos poderosos. Durante a guerra em Gaza, ele ameaçou os navios de guerra dos Estados Unidos no Mediterrâneo: “Preparamo-nos para as frotas com as quais vocês nos ameaçam.”

Ameaça contra os EUA

Em 2020, Nasrallah prometeu que os soldados dos EUA deixariam a região em caixões depois do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani. Ele também se manifestou contra a intervenção da Arábia Saudita no Iêmen, criticando as ações de Riade.

Com o aumento das tensões regionais em 2019, Nasrallah aconselhou a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos a interromperem a guerra no Iêmen para sua própria proteção.

“Não apostem em uma guerra contra o Irã porque eles os destruirão”, afirmou Nasrallah, reforçando a posição do Hezbollah contra os adversários regionais.

No Líbano, Nasrallah também enfrentou adversários internos. Em 2008, ele acusou o governo libanês, apoiado pelo Ocidente e pela Arábia Saudita, de declarar guerra ao tentar proibir a rede de comunicação do Hezbollah. Nasrallah prometeu “cortar a mão” que tentasse desmontá-la, resultando em um confronto violento.

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A fala levou a quatro dias de guerra civil, com o Hezbollah enfrentando combatentes sunitas e drusos e assumindo o controle de metade de Beirute. Nasrallah negou envolvimento no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik al-Hariri, em 2005.

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Via Revista Oeste

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