O físico húngaro e professor aposentado Ákos Kövér disse, nesta sexta-feira, 20, que a CEO da BAC Consulting fez estágio na Agência Internacional de Energia Atômica. Kövér refere-se à hungaro-italiana Cristiana Bársony-Arcidiacono, principal executiva da fabricante dos pagers que, a mando de Israel, explodiram recentemente no Líbano e mataram especialmente membros do grupo terrorista Hezbollah.
O docente confirmou que Cristiana fez doutorado na University College London, no início dos anos 2000, mas desconhecia as atividades atuais da ex-aluna. O professor afirmou que a então estudante estagiou na Agência Internacional de Energia Atômica, na Áustria.
CEO falava cinco idiomas
As redes sociais de Cristiana estão bloqueadas. O que se sabe, segundo as agências internacionais, é que a profissional se identificava como consultora estratégica e desenvolvedora de negócios.
Na internet, ela também afirmava ter o domínio de pelo menos quatro idiomas: inglês, francês, italiano e húngaro. Em postagens, Cristiana chegou a criticar a guerra na Ucrânia e manifestou apoio às crianças da Faixa de Gaza.
Segundo a agência Associated Press, a companhia dirigida por Cristiana não tem escritórios físicos. A empresa usa um espaço apenas como endereço oficial. Em 2022, a BAC Consulting teria registrado receita de US$ 725 mil. O valor caiu em 2023, US$ 593 mil, conforme balanço financeiro.
Empresa de fabricação de pagers era fachada, dizem agentes secretos
A BAC Consulting opera na Hungria e tem contrato para produzir dispositivos eletrônicos em nome de uma empresa taiwanesa, a Gold Apollo. Conforme agentes de serviços secretos, essa relação era apenas de fachada.
As fontes disseram que a empresa fazia parte de uma frente israelense e que, pelo menos duas outras companhias também foram criadas para mascarar as verdadeiras identidades das pessoas que criaram os pagers. Ou seja, funcionários da Inteligência israelense.
A fabricante aceitou clientes comuns, para os quais produziu uma série de pagers normais. Mas o único cliente que importava era o Hezbollah. Os pagers fabricados para os terroristas tinham baterias com explosivos PETN e foram enviados em pequenos lotes ao Líbano a partir de 2022.