Um levantamento realizado pela empresa de soluções Neogrid revelou que produtos essenciais da alimentação — como café, feijão, leite e carnes — estão mais caros no Brasil.
De acordo com a pesquisa, em um período de seis semanas, o preço das carnes bovinas foi o mais afetado pelas queimadas. Em destaque, aparece a picanha, que saltou de R$ 59,62/kg na semana de 4 de agosto para R$ 85,56/kg em 15 de setembro. A cifra representa alta de 43,5%.
“O aumento dos focos de incêndio intensificou o prejuízo sofrido pela produção de alimentos, que já vinha sendo afetada pelas secas”, explicou à CNN Brasil a chefe de Customer Success e Insights da Neogrid, Anna Fercher.
“Os impactos ocorrem na agropecuária devido à migração para a criação de gado em confinamento, o que envolve custos muito maiores e influencia diretamente no preço da carne e dos lácteos”, acrescentou.
Já o leite subiu 9,6% no mesmo período, saindo de R$ 6,02 por litro para R$ 6,60, segundo os dados da Neogrid.
Queimadas atingiram áreas importantes da pecuária e impactam preço das carnes
As queimadas devastaram um território equivalente ao do Estado da Paraíba somente no mês de agosto, de acordo com a MapBiomas. A maioria dos casos foi em áreas de pastagens usadas para a agricultura e a pecuária.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), cerca de 230 mil hectares de lavouras de cana-de-açúcar foram atingidos em agosto apenas no interior paulista. O valor representa 75% da produção do Estado.
Já no preço do açúcar refinado, a alta foi de 5,9%. Porém, o café e o feijão viram altas ainda mais expressivas entre agosto e setembro, com subprodutos em elevação de até 14,4% e 22,1%, respectivamente.
“Os produtores estão enfrentando perda da colheita e da área para plantio com a antecipação da entressafra forçada, o que acaba refletindo nos custos de produção e na disponibilidade dos alimentos em gôndola e interferindo diretamente no preço dos itens”, analisou Anna.
“Com o avanço das queimadas e a persistência da seca, a estimativa é de que os gastos com a produção dos alimentos continuem subindo e esses aumentos sejam repassados ao consumidor”, concluiu.