Já ouviu falar na biotecnologia azul? A área, também conhecida como biotecnologia marinha, usa a ciência e a tecnologia para explorar e estudar os organismos marinhos com objetivo de produzir conhecimento, bens e serviços.
Letícia Costa Lotufo, especialista em Biologia Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, explica que, apesar do potencial econômico e sustentável do campo, se for mal utilizado, pode causar efeitos negativos no ecossistema.
O que é a biotecnologia azul?
Em conversa com o Jornal da USP, Lotufo conta que a biotecnologia azul envolve o estudo dos microrganismos – como microalgas, bactérias e fungos –, macroalgas e invertebrados presentes no ecossistema marinho.
Segundo ela, essa biodiversidade, ainda pouco conhecida, pode ser incorporada em uma cadeia produtiva com menos impactos negativos no meio ambiente. A partir das substâncias presentes nos organismo marinhos, é possível produzir alimentos, rações, suplementos alimentares, produtos farmacêuticos, cosméticos, embalagens, roupas e outros artefatos.
Benefícios da biotecnologia azul
Veja alguns benefícios:
- O oceano é um importante estabilizador climático e oferece diversos benefícios ambientais;
- Os organismos que vivem nele têm um grande valor agregado;
- Usar a biotecnologia azul para explorar esse potencial pode promover desenvolvimento econômico e social;
- Entender como usar os recursos marinhos também pode ajudar a restaurar e conservar os ecossistemas.
Perigos da exploração excessiva
No entanto, para alcançar esses benefícios, é necessário ter cautela. A biotecnologia azul só trará vantagens se utilizada de forma consciente. A exploração descontrolada de recursos marinhos pode levar à diminuição de populações e até mesmo à extinção de certas espécies, afetando todo o ecossistema.
Lotufo relatou um dos exemplos negativos de exploração excessiva dos mares:
A coleta de algas nas praias do Nordeste para exploração pela indústria alimentícia, por exemplo, levou a impactos significativos nas populações de algas, mas também de muitos invertebrados e peixes que usam o banco de algas como berçário.
Letícia Costa Lotuf para Jornal da USP
Além disso, se biotecnologia azul não for gerenciada de maneira ética e inclusiva, corre o risco impactar populações locais, que muitas vezes dependem diretamente dos recursos marinhos para sobreviver. A especialista ressalta que o conhecimento desses povos também deve ser valorizado.