O Partido dos Trabalhadores (PT) culpou a Faria Lima, um dos principais centros econômicos da América Latina, pela alta do dólar. A moeda norte-americana atingiu R$ 6,11 nesta sexta-feira, 29, depois de o governo federal apresentar um pacote de corte de gastos inconsistente.
“Às vésperas do anúncio de Haddad sobre reformas econômicas, rentistas intensificaram a sabotagem e promoveram a alta do dólar”, escreveu o PT, no Instagram.
Durante análise no Jornal da Oeste, o colunista e comentarista Adalberto Piotto afirmou que a moeda só diminuiu um pouco o valor depois de declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL), amenizarem a ansiedade do mercado. O parlamentar alagoano disse que a “responsabilidade fiscal é inegociável”.
“A responsabilidade que faltou para o governo Lula ontem, o Congresso assumiu hoje”, afirmou Piotto. “Isso trouxe um voto de confiança, mas ainda estamos falando de um dólar muito alto.”
Piotto explicou que a dívida bruta teve um acréscimo de R$ 1,8 trilhão durante a terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo informações do Banco Central, é a primeira vez que o índice atinge a casa dos R$ 9 trilhões.
“Mais do que isso, 16 meses consecutivos de déficit primário”, explicou o comentarista. “A arrecadação até cresce, mas o governo vai lá, dobra a aposta e gasta mais ainda. A culpa é da Faria Lima? Ao PT falta espelho.”
Alta do dólar e o pacote de corte de gastos
Na última quinta-feira, 28, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma série de medidas para controlar os gastos e respeitar o arcabouço fiscal. As soluções da pasta, no entanto, não agradaram o mercado, que prontamente aumentou o temor em relação a insegurança fiscal no Brasil.
“A alta do dólar tem impacto na inflação, e o Banco Central tem de aumentar juros”, disse Adalberto Piotto. “Aumentar juros gera uma dificuldade maior para crescer e para fazer investimentos. A inflação corrói o poder de compra dos salários, e quem mais sofrer com a inflação é o trabalhador.”
O pacote do governo federal propôs cortes na Previdência militar e novas regras para acessar os benefícios sociais. Para Piotto, é preciso mais do que isso para ter um contingenciamento eficaz na economia, como a modernização na máquina pública e uma redução do peso do Estado.