O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) encolheu e ficou sem vereadores em 12 de 26 capitais. A sigla sofreu perdas com a janela partidária, encerrada em 5 de abril.
O encolhimento do partido acontece dois anos depois de seu pior desempenho eleitoral nas urnas. Com a janela partidária, a sigla ficou sem representantes em cidades importantes, como São Paulo e Belo Horizonte.
Dentre as capitais, o partido perdeu vereadores em São Luís, Recife, João Pessoa e Florianópolis. O PSDB já não possuía parlamentares nas seguintes metrópoles:
- Curitiba;
- Boa Vista;
- Aracaju;
- Rio de Janeiro;
- Maceió; e
- Vitória.
De acordo com o jornal O Globo, o partido ficou com um saldo negativo de 11 cadeiras nos legislativos municipais das capitais, considerando filiações e desfiliações.
Em algumas capitais a sigla conseguiu manter cadeiras na Câmara, mas perdeu alguns mandatos, como ocorreu em Fortaleza. O vereador José Erivaldo Travassos, conhecido como Cônsul do Povo, saiu do PSDB e foi para o PSD, que integra a oposição do prefeito José Sarto (PDT).
Na maior cidade do país, em São Paulo, ocorreu a situação mais crítica ao partido. Os tucanos geriram a capital paulista por 27 anos ininterruptos, mas o partido perdeu total influência no quadro político do município.
O PSDB possuía oito dos 55 vereadores da maior Câmara Municipal do país. Nesta semana, o partido negou o apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Com o anúncio, sete dos oito vereadores pediram desfiliação.
O único vereador que ficou na sigla foi Carlo Bezerra Júnior, que estava na Secretaria Municipal de Assistência Social. Segundo O Globo, o parlamentar deixou o cargo e deve voltar à Câmara na próxima semana. A expectativa é que ele também se desfilie do PSDB, já que apoia Nunes.
Partido avalia apoio à Tabata Amaral
Na disputa municipal em São Paulo, o PSDB analisa o apoio à candidatura de Tabata Amaral, pré-candidata à prefeitura pelo PSB. O partido deve indicar José Luiz Datena, apresentador do Brasil Urgente, na Band, para ser candidato a vice-prefeito na chapa com a parlamentar. O âncora se filiou aos tucanos na última semana.
Ao O Globo, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perrillo, afirma que a sigla cresceu nos últimos dias, mesmo com as quedas no número de parlamentares nas capitais.
“O PSDB atraiu quadros novos e trouxe de volta alguns quadros importantes em vários Estados”, disse Perrillo. “A gente cresceu muito em filiações em Estados que a gente governa ou já governou. Com exceção de São Paulo, tivemos um crescimento expressivo.”
Em Belo Horizonte, o único vereador eleito pelo partido, Henrique Braga, mudou para o MDB e acusou os tucanos de “chantagem” durante discurso no plenário da Câmara Municipal. Ele disse que sofreu um desgaste com o presidente do diretório municipal, João Leite.
“O PSDB foi muito desonesto comigo”, afirmou Braga. “Depois que trocaram a liderança municipal, o novo presidente começou a passar recadinho para mim, como se eu fosse estudante do jardim de infância. Sempre me ameaçando, me chantageando, de que eu não teria legenda.”
Já no Rio de Janeiro, a sigla conseguiu atrair a parlamentar Teresa Bergher no último dia da janela. Na capital fluminense, o prefeito Eduardo Paes conseguiu puxar o maior número de vereadores. O PSD subiu sua bancada de oito para 12 parlamentares.
PSDB avança na Região Centro-Oeste
Diferentemente das demais regiões, o partido conseguiu avançar no Centro-Oeste. Em Cuiabá, o PSDB filiou quatro novos vereadores. Em Campo Grande, foram cinco novos parlamentares filiados. Ambos os municípios fecharam com sete representantes da sigla cada.
Em Mato Grosso do Sul, o partido conseguiu manter a relevância com a reeleição do governador Eduardo Riedel. Além do Estado, a sigla tem mais dois governadores, no Rio Grande do Sul e em Pernambuco.
De acordo com o cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Paulo Baía, a falta de quadros pode ser explicada pela perda de representatividade em São Paulo.
“O partido perdeu suas lideranças na base que irradiava para os outros lugares”, afirmou Baía. “As saídas de Geraldo Alckmin e do ex-governador Márcio França para o PSB, praticamente, mataram o PSDB, que ficou sem atrativo algum.”