quinta-feira, setembro 19, 2024
InícioCiência e tecnologiaProtetor solar do futuro pode ter inspiração nos polvos; entenda

Protetor solar do futuro pode ter inspiração nos polvos; entenda

Os dermatologistas que me perdoem, mas eu não passo protetor solar todos os dias. E posso apostar aqui com vocês que mais da metade da população mundial faz exatamente a mesma coisa (embora não possa comprovar cientificamente). Você mesmo que está lendo esse texto agora: duvido que você se proteja diariamente dos raios ultravioletas.

Eu, por outro lado, sempre passo o protetor quando vou à praia. E nunca tiro o excesso quando entro no mar. Mais uma vez, não existe pesquisa que meça isso, mas aposto de novo que a maioria das pessoas faz o mesmo.

Só que essa prática aparentemente inofensiva causa prejuízo à fauna e flora marinhas. O acúmulo de algumas das substâncias contidas nesses produtos, como a oxibenzona e o octilmetoxicinamato, provoca alterações no meio ambiente, principalmente nos corais, podendo levar ao branqueamento deles. Primeiro eles perdem a cor e depois morrem.

Leia mais

E não estamos falando de pouco protetor solar nos oceanos. De acordo com a organização ambientalista Green Cross, despejamos algo em torno de 25 mil toneladas desse material nos mares. Especialistas estimam que, desse total, pelo menos 6 mil toneladas atingem os recifes de corais.

Ah, mas os corais têm tanta importância assim? A resposta é sim! Os recifes de corais servem de abrigo para pelo menos um quarto de toda a vida marinha. Além disso, eles são fonte de proteínas para algumas espécies — e são ingredientes para alguns medicamentos do ser humano.

Pensando nisso, um grupo de cientistas criou um protetor solar que é inofensivo para o meio ambiente. Isso acontece porque um dos principais ingredientes é o mesmo que pigmenta a pele de polvos e lulas.

Um protetor solar sustentável

  • As químicas Leila Deravi e Camille Martin, da Northwestern University (EUA) passaram anos estudando uma substância chamada Xanthochrome (xantocromo).
  • Ela é a versão sintetizada da xantomatina, uma importante molécula de pigmento encontrada na pele de cefalópodes, como polvos e lulas.
  • Ela tem ainda um papel central na mudança de cor desses animais, quando se camuflam de predadores.
Camille Martin (à esquerda) e Leila Deravi são cofundadoras da Seaspire – Imagem: Divulgação/Northwestern University
  • Durante as pesquisas, as cientistas perceberam que esse composto possui propriedades antioxidantes.
  • E que, quando misturado ao óxido de zinco, pode ser usado na pele humana, formando um escudo contra a radiação solar.
  • Um escudo que, além de proteger dos raios, cuida da nossa pele por causa das propriedades antioxidantes e não polui os oceanos.
  • A pesquisa foi publicada no International Journal of Cosmetic Science.

Os próximos passos da invenção

A ideia das duas químicas começou em 2019. Existe até um vídeo que mostra as cientistas falando sobre o assunto naquela época.

Foi quando decidiram entrar de cabeça no projeto e criaram uma empresa de biotecnologia inspirada no mar. O nome? Seaspire.

Em 2022, a Seaspire conseguiu levantar US$ 4 milhões em financiamento de investidores para pesquisa e desenvolvimento.

Hoje, dois anos depois, elas dizem que estão próximas de uma espécie de linha de chegada. Agora, seu objetivo é formar novas parcerias para levar o xantocromo do laboratório para o mercado.

Segundo elas, o principal objetivo não é desenvolver um produto cosmético próprio da marca delas, mas sim tornar essa substância acessível, para que ela possa virar um ingrediente-chave para outros fabricantes.

A equipe enxerga esse composto como um ingrediente de última geração que pode ser adicionado a outras fórmulas e agir como um reforço eficaz para protetores solares à base de minerais. E com consciência ambiental. Algo que deveria ser prioridade número 1 para quase todas as empresas atualmente.

As informações são do New Atlas.

Via Olhar Digital

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui