A proibição do uso de celulares em escolas não melhora o bem-estar mental dos adolescentes, nem o desempenho acadêmico. Essa foi a conclusão de um estudo da Universidade de Birmingham publicado na The Lancet Regional Health em fevereiro de 2025.
A pesquisa comparou alunos de instituições que proíbem e que permitem o celular no Reino Unido. Foram coletadas informações de 1.223 estudantes de 30 escolas britânicas.
A pesquisa não encontrou diferenças significativas na saúde mental dos estudantes, nem no desempenho em inglês e matemática.
“As nossas descobertas sugerem que as políticas escolares restritivas na sua forma atual não influenciam significativamente o uso do telefone e das redes sociais nem geram melhores resultados para os adolescentes numa série de domínios mentais, físicos e cognitivos”, diz o estudo.
Entretanto, os dados sugerem que as intervenções para reduzir o tempo de uso de celular e redes sociais para melhorar a saúde mental dos estudantes são plausíveis, mas, para isso, “tanto o uso na escola quanto fora dela devem ser considerados em conjunto”.
Apesar de não encontrar distinções relevantes entre os adolescentes das escolas avaliadas, a investigação encontrou relações negativas entre um maior tempo de uso de celulares e a saúde mental e o desempenho nas escolas. Ou seja, passar mais tempo nos aparelhos — também fora da escola — pode piorar os resultados acadêmicos.
O Brasil está em linha com países que restringem o uso do celular, como França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda.
A Lei nº 15.100/25, sancionada recentemente, determina que o uso de aparelhos eletrônicos por estudantes está proibido em escolas públicas e particulares, inclusive nos intervalos. O objetivo desta medida é “salvaguardar a saúde mental, física e psíquica das crianças e adolescentes”.
A norma teve o apoio da população enquanto tramitava no Congresso Nacional. Uma pesquisa Datafolha de outubro de 2024 revelou que 65% dos pais com filhos de até 12 anos ou até 18 anos apoiam o banimento.
No total da população, 62% também são contra o uso celulares durante as aulas e os intervalos.
Em conversa com a CNN, Rodrigo Nejm, especialista em Educação Digital do Instituto Alana, comentou que o resultado esperado com a lei é um ganho de qualidade na interação social dos adolescentes e maior atenção nas atividades pedagógicas.
Nejm explicou que as redes sociais e jogos de aposta, por exemplo, são produtos desenvolvidos para capturar a atenção e fazer as pessoas ficarem mais tempo conectadas. Para um adolescente com o cérebro em formação, esses produtos podem ter um impacto negativo na vida deles.