A recente proibição da torcida Mancha Verde nos estádios pela Federação Paulista de Futebol (FPF) após uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro trouxe à tona discussões sobre segurança nos estádios, além do reflexo disso nas organizadas do futebol brasileiro.
De acordo com especialistas, a medida reflete uma postura mais rigorosa das federações contra a violência no futebol. Renata Mansur, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro, explica a intenção da FPF.
“A repressão é fundamental diante da gravidade dos atos, especialmente quando vão além das praças esportivas e se configuram como crimes”, pontua, destacando que o caso vai além da competência da justiça desportiva.
“Não creio que (a medida) tenha sido mais drástica. Eu penso que medida é correta considerando que parece ter restado comprovado que foi uma emboscada no caso concreto. Não foi apenas uma briga entre torcidas, o que, por si só já seria grave, mas uma armadilha preparada e pensada. Portanto, a ação do MP, do Juiz e da federação foram proporcionais à gravidade do caso. Eu creio que o pulso firme será sempre uma tendência. Não podemos mais permitir a violência no futebol”, acrescenta.
Para Higor Maffei Bellini, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB Butantã, o incidente não deve afetar diretamente o Campeonato Brasileiro. Ele esclarece que a ocorrência fora do estádio afasta a possibilidade de punições esportivas ao Palmeiras.
“A competição segue normalmente, e o Palmeiras, por sua vez, não pode ser penalizado, já que não há vínculo legal entre o clube e a torcida”, argumenta o especialista. Bellini ainda reforça que a utilização de símbolos do clube pela torcida não estabelece uma relação formal.
O especialista em direito esportivo Andrei Kampff reforça que o ocorrido fora do ambiente esportivo impede punições ao clube no âmbito desportivo. “Não há ação ou omissão do Palmeiras nesse caso”, explica. No entanto, Kampff acredita que o incidente exige uma reflexão ampla sobre a responsabilidade do esporte no combate à violência e sugere uma paralisação breve do Campeonato Brasileiro para esse debate.
Enquanto isso, Bellini enxerga essa postura como um retorno às sanções da década de 1990, quando torcidas organizadas enfrentaram restrições e até extinções.
“Essa pode ser a demonstração de que haverá um endurecimento das questões relacionadas às ações da organizadas, talvez até em razão da criação de arenas, que prezam pela presença de torcedores sentados, que estão para assistir ao jogo no conforto da sua cadeira, não gritando e pulando como acontece nas organizadas
Além da proibição, a Justiça já solicitou a prisão de seis membros da Mancha Verde, incluindo o presidente e o vice-presidente da torcida organizada.