Procurador próximo ao ex-deputado Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba (PR), Silvio Amorim deve assumir um posto estratégico na gestão de Paulo Gonet na Procuradoria-Geral da República (PGR). Amorim deve ficar à frente da Secretaria de Relações Institucionais.
Gonet assume nesta segunda-feira (18) o comando da PGR e há a expectativa de que ele já anuncie parte de sua equipe.
A CNN apurou que, nas conversas que teve com Gonet, Amorim se disse alinhado à postura crítica do novo chefe da PGR à Lava Jato. Entre 2017 e 2021, Amorim ocupou o cargo de conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Durante esse período, ele votou a favor de Deltan em processos que tramitaram no órgão.
Em fevereiro de 2021, a defesa do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) troca de mensagens —extraídas da Operação Spoofing— entre Amorim e Deltan em 2016 e 2017.Antes de chegar ao CNMP, Amorim trabalhou na Lava Jato.
Em mensagem em junho de 2016, Deltan falou sobre a saída do procurador da força-tarefa. “Silvio, você fará falta, mas tenho consciência de que uma importantíssima missão o aguarda! Parabéns pela indicação e conte com nossa admiração e apoio. Grande abraço, meu amigo”, escreveu ao colega.
Amorim respondeu: “‘Pessoal, em poucos dias assumirei outras funções no CNMP. É chegada a hora de me despedir e dizer muito obrigado a todos vocês! Continuem esse trabalho maravilhoso! Muito obrigado pela honra que me proporcionaram de compartilhar esse momento histórico, tão de perto. Inesquecível! Contem comigo, sempre! Até a próxima, pessoal! Vão pra cima!”.
A CNN apurou que, além de Hindemburgo Chateaubriand, que será vice-procurador-geral, o número dois na PGR, Gonet definiu Alexandre Espinosa como vice-procurador-geral eleitoral. Espinosa foi chefe de gabinete de Augusto Aras.
A procuradora Raquel Branquinho, que coordenou a Lava Jato ao longo do mandato de Raquel Dodge, deve assumir a diretoria-geral da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU).
Pessoas próximas a Gonet disseram à CNN, em caráter reservado, que Branquinho não se envolveu nos momentos críticos de “operações malfadadas”, além de ser um nome “técnico, experiente e respeitado”.
Ela chegou a ser chamada por Augusto Aras em 2020 para voltar à equipe da operação na Procuradoria-Geral da República, mas recusou.
Raquel Branquinho era uma dos seis procuradores que compunham o grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR. Em abril de 2019, eles pediram demissão coletiva em protesto contra a então procuradora-geral Raquel Dodge. Na ocasião, o grupo citou “grave incompatibilidade” com uma manifestação enviada por Dodge ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Dodge pediu ao Supremo a homologação da delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, mas a então a procuradora-geral pediu para arquivar preliminarmente trechos da delação que envolviam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ex-prefeito de Marília (SP) José Ticiano Dias Toffoli, irmão então do presidente da Corte, Dias Toffoli.
A secretária-geral do Ministério Público da União (MPU) continuará sendo a subprocuradora Eliana Péres Torelly de Carvalho. O procurador Carlos Fernando Mazzoco será chefe de gabinete de Gonet.
A Corregedoria-Geral deve seguir com Célia Regina Delgado.
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