Cientistas da NASA descobriram a primeira caverna subterrânea na Lua, localizada no Mar da Tranquilidade, onde os humanos pisaram pela primeira vez. A descoberta, que indica a existência de tubos de lava, abre novas possibilidades para a colonização lunar, fornecendo potencial abrigo natural contra radiação espacial e impactos de pequenos asteroides.
Apesar da queda nos custos de lançamento, transportar qualquer coisa pesada para a Lua será muito caro no futuro previsível. Uma base de longo prazo, e ainda mais algo permanente, dependerá de obter o máximo possível de recursos no próprio local. Nos últimos anos, muito foco foi dado à busca por fontes de água, mas o abrigo também é crucial.
Os futuros astronautas precisarão de ampla proteção contra a radiação espacial e as variações extremas de temperatura que a Lua experimenta, caso queiram permanecer por longos períodos. Também é necessário algo resistente o suficiente para sobreviver a pequenos impactos de asteroides, que são comuns sem a proteção atmosférica. Seria muito melhor se houvesse formações naturais que fornecessem essa proteção, em vez de tais abrigos terem que ser construídos.
A descoberta da caverna lunar
Em 2010, como parte da missão em andamento do Orbitador de Reconhecimento Lunar (LRO, na sigla em inglês) da NASA, o instrumento Mini-Radio-Frequency (Mini-RF) adquiriu dados que incluíam uma cavidade no Mar da Tranquilidade. Anos depois, reanalisamos esses dados com técnicas complexas de processamento de sinal que desenvolvemos recentemente e descobrimos reflexos de radar na área da cavidade que são melhor explicados por um tubo de lava subterrâneo. Esta descoberta fornece a primeira evidência direta de um tubo de lava acessível sob a superfície da Lua.
Professor Lorenzo Bruzzone em comunicado
O estudo que divulga a descoberta foi publicado na Nature Astronomy. A cavidade estudada por Bruzzone e seus colegas, conhecida como cavidade do Mar da Tranquilidade, é uma das mais de 200 observadas. Algumas ou todas elas parecem ser o resultado do colapso do teto de um tubo de lava. No entanto, apenas porque tal cavidade existe, não significa que haja uma caverna subterrânea grande o suficiente para ser útil.
Dimensões da caverna
- A cavidade do Mar da Tranquilidade é a mais profunda conhecida, por isso parecia um bom lugar para a exploração começar.
- Ela tem cerca de 100 metros de diâmetro com paredes tão íngremes que podem estar em balanço.
- Isso a torna uma das poucas grandes o suficiente para que características internas possam ser detectadas com a resolução que o radar do LRO pode fornecer.
- O novo estudo revela uma mancha brilhante no lado oeste da cavidade nas imagens de radar de abertura sintética orbital lateral do LRO.
- As simulações sugerem que é um conduto com entre 30 a 80 metros de comprimento e cerca de 45 metros de largura.
- Não é grande o suficiente para abrigar uma cidade, mas um local decente para uma vila lunar. O piso da caverna é considerado suficientemente plano para ser utilizável.
- Embora esteja a mais de 100 metros da entrada da caverna até a superfície, na baixa gravidade lunar isso pode não ser um grande impedimento.
- Os autores construíram dois modelos das prováveis dimensões da cavidade e da caverna, diferindo principalmente na altura do monte de rochas produzido quando o teto da cavidade caiu e, portanto, na inclinação do piso.
Limitações e perspectivas
O Mar da Tranquilidade não é o local ideal, pois não possui o outro ingrediente crucial para a habitação lunar: gelo. A água congelada quase certamente existe nos polos lunares, especialmente no polo sul, inspirando a corrida para aterrissar lá.
Qualquer gelo perto da superfície do plano equatorial plano que é o Mar da Tranquilidade já teria evaporado nos dias escaldantes da Lua.
No entanto, o trabalho aumenta as chances de que tais tubos de lava possam existir nos polos e, talvez mais importante, que possamos encontrá-los a partir do espaço com uma resolução modestamente aumentada. “Essas cavernas foram teorizadas por mais de 50 anos, mas é a primeira vez que demonstramos sua existência”, disse Bruzzone.