quinta-feira, janeiro 9, 2025
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Presidente do TJMT se manifesta sobre ‘vale-peru’

Ao comunicar seus colegas desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso que eles terão de devolver os R$ 10 mil que receberam em dezembro a título de auxílio-alimentação — o penduricalho que ficou conhecido como “vale-peru” —, a presidente da Corte, Clarice Claudino da Silva, afirmou que o TJ passa por um “momento desafiador”.

Em meio à turbulência causada pelo “vale-peru”, também denominado “vale-ceia”, a magistrada “rogou a compreensão de todos os queridos magistrados e magistradas” para que o valor seja restituído “o mais breve possível”.

A mensagem foi enviada por Whatsapp a desembargadores e juízes mato-grossenses na sexta-feira 27, três dias após a Corte estadual contrariar a ordem do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, e pagar magistrados e servidores. O Tribunal sustenta que, quando foi intimado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a não conceder o penduricalho, o “pagamento já havia sido operacionalizado, e não foi possível efetivar o cumprimento”.

No texto endereçado a seus pares, Clarice pediu a “compreensão” de todos. Ela aproveitou a ocasião para desejar que “o próximo ano seja pleno de saúde, paz, proteção e prosperidade.” “Fraternal abraço!”, finalizou.

Clarice Claudino da Silva
Desembargadora Clarice Claudino da Silva, presidente do TJMT | Foto: Divulgação/TJMT

As orientações para a devolução do “vale-peru” serão passadas pelo e-mail institucional. Os magistrados terão de devolver o montante recebido em uma parcela única, a ser depositada diretamente na conta do Tribunal de Justiça. No caso dos servidores, o Tribunal propôs à Corregedoria Nacional de Justiça que a devolução seja parcelada, com desconto na folha de pagamento.

‘Vale-peru’ já tinha sido pago antes no TJMT

O “vale-peru” de R$ 10 mil foi concedido “excepcionalmente” em dezembro. Não é a primeira vez que os magistrados de Mato Grosso recebem benefício tão encorpado — em dezembro do ano passado, o TJ pagou R$ 6,9 mil a servidores e magistrados da Corte; nos outros meses, o vale alimentação é de R$ 2 mil.

O Tribunal de Mato Grosso está entre os primeiros lugares no ranking das Cortes que melhor remuneram seus magistrados. Os subsídios chegam, em média, a R$ 116 mil para cada desembargador, em valores líquidos — ou seja, já com descontos de Imposto de Renda e outros. Clarice Claudino da Silva ganha R$ 130 mil por mês, livres de descontos, ou seja, quase quatro vezes o teto do funcionalismo instituído pelo Supremo Tribunal Federal.

Desembargadores do TJMT são investigados por venda de sentença

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso está em evidência desde agosto, em razão de investigações sobre suposto esquema de venda de sentenças na Corte. O inquérito já levou ao afastamento de três magistrados, entre eles os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho.

A apuração é conduzida pelo Supremo Tribunal Federal em razão de suspeitas recaírem sobre assessores de gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça.


Redação Oeste, com informações da Agência Estado

Via Revista Oeste

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