O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que o país deve “pagar custos” por tráfico de escravos. Na declaração desta terça-feira, 24, ele afirmou que a nação cometeu crimes durante a era colonial e das navegações transatlânticas.
Países europeus transportaram à força por longas distâncias cerca de 12,5 milhões de africanos sequestrados, por navios. Em seguida, vendiam como escravos. O tráfico de escravos aconteceu por mais de quatro séculos. Portugal era o principal responsável pelo transporte.
Os principais destinos eram as Américas, onde os sobreviventes das viagens acabavam trabalhando forçado em plantações, enquanto outros lucravam com seu trabalho. O Brasil e o Caribe são os locais que mais receberam escravos.
Sozinho, Portugal traficou quase 6 milhões de africanos, metade do total e mais que qualquer outro país da Europa. De acordo com o portal UOL, as escolas portuguesas não ensinam muitos detalhes sobre o papel do país na era escravidão.
A crítica de Rebelo de Sousa se deve ao fato de o país enxergar com orgulho a era colonial de Portugal. Na época, o país europeu dominou Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, Timor Leste e partes da Índia.
Portugal “assume total responsabilidade” pelos erros do passado, diz Rebelo de Sousa
Durante um evento com representantes estrangeiros na noite desta terça-feira, o presidente de Portugal disse que o país “assume total responsabilidade” pelos erros do passado e que esses crimes, incluindo massacres coloniais, tiveram “custos”.
“Temos que pagar os custos”, disse presidente de Portugal. “Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso.”
A fala acontece enquanto a ideia de pagar reparações ou tomar outras medidas pela escravidão transatlântica ganha força em todo o mundo. Países da África e do Caribe e os Estados Unidos apoiam a criação de um painel na Organização das Nações Unidas para tratar o assunto.