A morte do zagueiro Juan Izquierdo levanta um alerta sobre a importância e o avanço da prevenção constante em normas médicas, a fim de evitar tragédias nos estádios pelo pais.
O atleta de 27 anos ficou cinco dias internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em decorrência de uma parada cardíaca causada por uma arritmia, no jogo entre Nacional e São Paulo, pela Libertadores.
Em entrevista para a CNN, o presidente da comissão médica da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Jorge Pagura, levantou números sobre os problemas cardiológicos no futebol e relembrou o caso que chocou o mundo da bola em 2004 para destacar a importância do cuidado constante da saúde do atleta.
“Depois do evento de 20 anos atrás no Morumbi com o Serginho (zgueiro do São Caetano que morreu após problema cardiológico em campo), houve uma modificação que chamou a atenção para um problema que, apesar da gravidade, não é de muita incidência. No esporte, os casos são em torno de 1 para 20 mil, segundo dados da Associação Americana de Cardiologia. Apesar disso, a gente tem que trabalhar com essa incidência pequena por que quando ocorre é muito difícil a recuperação”, disse o especialista, que elencou algumas ações que a CBF já realizou de olho em prevenção.
“Hoje não começa um jogo sem ter duas ambulâncias com suporte avançado de vida, com equipamento tipo UTI, desfibrilador, toda parte de oxigênio e monitoração. Se não tiver as ambulâncias, não vai ter jogo. Saiu uma, entra a outra. Se tiver que sair as duas, o jogo para”, comentou Pagura, completando:
“Em divisões menores, com pouco orçamento, um médico cuidava dos dois times. Isso acabou. Agora, precisa ter um médico para cada time. É obrigatório e consta em regulamento a necessidade de cada banco de reservas ter um desfibrilador externo automatizado, onde ele pode, na sua aplicação clássica, ajudar a manter ou reverter a situação de parada cardíaca”.
Pagura relembrou as ações recentes feitas entre a Confederação e especialistas da saúde, e atualizou sobre o processo médico mais avançado que a CBF pretende implementar ainda em 2024.
“Sempre trabalhamos junto com as sociedades médicas, que têm expertise nesse tipo de abordagem. Dia 29 de setembro é o Dia Mundial do Coração. Nós já temos atividades em que a rodada subsequente já é a rodada do coração. Ano passado realizamos algumas ações, faixas de capitão, moeda do árbitro, tudo para chamar a atenção”.
“Estamos finalizando (protocolo). Evoluiu nossa conversa. Tivemos reunião presencial dois meses atrás, e por vídeo um mês atrás. Vamos treinar profissionais para termos informação com workshops e modelos para que a gente possa qualificar quem trabalha diretamente com a saúde no futebol e também no entorno, o treinamento de quem está no suporte é muito importante. Estamos praticamente finalizando para ter profissionais treinados em todas as federações. O protocolo deve ser anunciado este ano, independente da fatalidade ocorrida”, concluiu.