Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, afirmou que o grupo terrorista libanês Hezbollah pode colocar o seu país em risco. Ele proferiu a declaração neste domingo, 20.
O premiê se refere ao comprometimento do Hezbollah e do Hamas nos atentados terroristas contra Israel. Segundo Mikati, essa união pode ameaçar a segurança do Líbano.
Libaneses criticam os atentados do Hezbollah
Não é somente o primeiro-ministro que condena as ofensivas do Hezbollah contra Israel. Muitos libaneses também criticam os atentados. Para alguns cidadãos, os terroristas empurraram o Líbano para um conflito que não era seu.
Na entrevista, o primeiro-ministro também critica a base xiita que está representada no Parlamento libanês, em ministérios e na divisão sectária do governo.
Nabih Berry, mulçumano xiita do movimento Amal, partido alinhado ao Hezbollah, ocupa a Presidência do Parlamento. O primeiro-ministro (Najib Mikati) é um mulçumano sunita (contrário às ações do Hezbollah). O presidente do país, por sua vez, é cristão maronita (católicos que leem a Bíblia em árabe e com estreita relação com a Igreja Católica Romana).
Presidência do Líbano está vaga desde 2022
A Presidência, entretanto, está vaga desde 2022, com a saída de Michel Aoun. Há uma incapacidade de os partidos libaneses chegarem a um acordo para determinar quem será o próximo presidente, porque o Hezbollah se opõe a vários nomes. Isso contribui para a instabilidade política libanesa.
“O forte apoio do Hezbollah aos palestinos na guerra pode ter motivações estratégicas e ideológicas, mas é essencial avaliar se esse alinhamento representa um risco significativo para a estabilidade e segurança do Líbano”, disse Mikati à Folha.
Apesar das críticas ao Hezbollah, Mikati condena, de forma veemente, as contraofensivas de Israel no Líbano. Ele também critica as ações do Exército israelense contra a Unifil, uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) que opera no sul do Líbano, na fronteira com Israel.
“Está claro que Benjamin Netanyahu tem interesse em uma guerra regional”, afirmou Mikati. “Mas outros líderes na região não compartilham de seu desejo por um conflito.”
Netanyahu, por sua vez, afirma que a resolução 1.701, adotada em 2006 para garantir uma zona desmilitarizada próxima à fronteira, foi um fracasso. Segundo ele, os terroristas do Hezbollah aproveitaram da situação para armazenar armas e realizar ataques na região.
Resolução da ONU
Além disso, Mikati abordou a pressão de alguns grupos políticos pela implementação da resolução da ONU 1.559, de 2004. A medida prevê o desarmamento do Hezbollah e a realização de eleições presidenciais livres no país.
“Enquanto algumas comunidades cristãs e outras defendem um retorno à resolução 1.559, essa não é uma posição unânime entre todos os libaneses”, afirmou Mikati. “Mas é importante eleger um presidente que possa unir o povo libanês e começar um diálogo nacional para abordar questões politicamente controversas. No geral, o foco deve estar na implementação abrangente da resolução 1.701.”