O prefeito de Campinas (SP), Dário Saadi (Republicanos), foi alvo de um pedido de cassação na Câmara Municipal, nesta segunda-feira, 22, por usar verba pública na Festa Bicuda, em que houve registro de nudez, simulação de sexo e suposto incentivo ao uso de droga ilícita.
O pedido de cassação foi protocolado pelo engenheiro civil Marcélio Andrade Leão, morador do bairro Jardim Aurélia e líder do movimento Livres em Campinas, que acusa o prefeito de negligência. A ação deve ser analisada pelo presidente da Câmara de Vereadores, Luiz Carlo Rossini.
A vereadora Paolla Miguel (PT) destinou cerca de R$ 15 mil para custear parte da realização da Festa Bicuda. O evento ocorreu no domingo 14, em uma praça pública do Distrito de Barão Geraldo.
Durante o show, houve simulação de sexo e músicas que pregavam o uso de drogas ilícitas, como lança perfume, que pode gerar parada cardíaca. Além disso, circulam imagens de pessoas nuas se apresentando no palco da festa.
À reportagem de Oeste, Leão explicou que entrou com um pedido de abertura de uma Comissão Processante (CP) contra Dário Saadi por considerar que a responsabilidade de fiscalização é da prefeitura, mesmo que a emenda tenha sido destinada por uma vereadora.
“Indignação é o que me motivou a entrar com o pedido da CP”, explicou Leão. “Paolla Miguel, vereadora do PT, indicou a destinação orçamentária para o evento, mas quem executou o Orçamento foi o Poder Executivo, a Secretaria de Cultura e o prefeito municipal de Campinas.”
O engenheiro pede que, ao fim da CP, haja a votação para cassar o prefeito. Ele acusa Dário Saadi de “negligenciar a destinação de verbas públicas, especialmente na realização de eventos culturais, desde quando estourou, de conhecimento público, o primeiro estopim sobre a farra das emendas impositivas”.
Leão se refere à instauração de um Inquérito Civil pelo Ministério Público para apurar a suspeita de superfaturamento e direcionamento do dinheiro público de emendas parlamentares destinadas à área da Cultura em Campinas. A abertura das investigações aconteceu em fevereiro deste ano.
O MP investiga 32 vereadores que destinaram alguma verba para a contratação de shows. Em 2024, os parlamentares campineiros já destinaram R$ 91 milhões em emendas.
Câmara de Campinas abre CP para investigar vereadora
O prefeito não deve ser o único investigado. Na quinta-feira 18, a Câmara de Campinas aprovou a instauração de uma Comissão Processante contra a vereadora Paolla Miguel.
A abertura de uma CP foi aprovada com 24 votos a favor e seis contra. Foram definidos os parlamentares que vão integrar a comissão que investigará Palolla Miguel: a presidente é Guida Calixto (PT) e o relator é Gustavo Petta (PcdoB).
Paolla, que estava presente na Festa Bicuda, disse que destinou a verba por meio de emendas impositivas. Ela discursou na tribuna da Câmara. Nas redes sociais, afirmou que o dinheiro foi para a parte da estrutura física da festa, para atender a “população que desejou comparecer ao evento, incluindo banheiros químicos, apoio logístico e montagem de palco”.
A vereadora negou ter conhecimento prévio sobre o show com teor sexual e alusão a drogas. “Nenhum ente público, nem nosso mandato, nem a Secretaria de Cultura tiveram conhecimento prévio do conteúdo das apresentações”, afirmou.
Em nota, os organizadores da Festa Bicuda admitiram que não pediram aos artistas informações sobre os shows e informaram que solicitaram que interrompessem o ato quando foi percebido a “conduta considerada inadequada pelo local”.
“Por se tratar de uma apresentação em espaço com acesso aberto ao público, deveríamos ter nos atentado para a possibilidade de conteúdos inadequados para a faixa etária de crianças e adolescentes”, explicaram.