sábado, setembro 21, 2024
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Prédio da Boate Kiss começa a ser demolido para construção de memorial

Mais de 11 anos depois da tragédia que matou 242 pessoas, o prédio onde funcionou a Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, começou a ser demolido na quarta-feira 10. No local do prédio será construído um memorial em homenagem às vítimas do incêndio.

Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, um incêndio tomou conta do local e, além dos mortos, deixou 636 feridos. O fogo começou depois que um artefato pirotécnico foi aceso por integrantes da banda que tocava naquela noite e atingiu a espuma inflamável que recobria as paredes e o teto da boate. Em sua maioria, as vítimas eram universitários de 17 a 30 anos de idade. Quatro réus respondem pelas mortes, mas o processo ainda não terminou.

Uma cerimônia para marcar o início da demolição da Boate Kiss foi realizada na quarta-feira, sob chuva e temperatura de 6°C, no estacionamento de um mercado em frente ao prédio da boate. Primeiro foi lida uma carta escrita pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Gabriel Barros.

O texto foi escrito como se a boate estivesse se manifestando: “Sei que minha presença, muitas vezes, trazia lembranças extremamente desagradáveis. Aos poucos, minha fachada se transformou em mural e minha permanência se transformou em símbolo da luta por um futuro justo e seguro para todos nós”, diz trecho.

Depois discursaram arquitetos e engenheiros responsáveis pelo projeto. O arquiteto paulista Felipe Zene Motta é o autor do projeto, selecionado entre 121 participantes de um concurso realizado em 2018. “A ideia é continuar sendo uma fachada dura, uma fachada muito potente, com simbologia, que as pessoas continuem a olhar pra ela e lembrar, por mais duro que seja”, discursou.

Autoridades também discursaram. Para encerrar a cerimônia, familiares dos 242 mortos no incêndio da Boate Kiss se postaram em frente da boate e soltaram o mesmo número de balões brancos, cada um representando uma vítima. A primeira ação efetiva de demolição — a retirada do letreiro — foi feita ainda na manhã de quarta-feira.

As obras vão durar oito meses, serão realizadas pela Incorporadora Farroupilha, de Triunfo, que venceu a licitação, e vão custar R$ 4,9 milhões. Um fundo do Ministério Público do Rio Grande do Sul vai pagar R$ 4 milhões, e o restante caberá à Prefeitura de Santa Maria.

No espaço, em uma área de 383 metros quadradas, serão construídas três salas: um auditório com capacidade para 142 pessoas, uma sala multiuso e uma sala que vai funcionar como sede da associação de vítimas. Ao centro haverá um jardim circular com 242 pilares de madeira em volta. Cada um terá o nome de uma vítima do incêndio e um suporte para flores.

Processos contra os responsáveis pelo incêndio na Boate Kiss

Quatro pessoas são acusadas pelas mortes e foram condenadas por homicídio simples com dolo eventual, em júri que durou dez dias, em dezembro de 2021:

  • o empresário Elissandro Callegaro Spohr, sócio da casa noturna, foi condenado a 22 anos e seis meses de prisão;
  • o empresário Mauro Londero Hoffmann, sócio da casa noturna, foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão;
  • Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, que cantava na boate na noite da tragédia e que levantou o artefato pirotécnico que deu origem ao fogo, foi condenado a 18 anos de prisão; e
  • Luciano Augusto Bonilha Leão, produtor que comprou e ativou o fogo de artifício, foi condenado a 18 anos de prisão.

Em agosto de 2022, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul anulou o julgamento, alegando irregularidades na escolha dos jurados e nos quesitos elaborados e suposta mudança da acusação na réplica, o que não é permitido. Essa anulação foi mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em setembro de 2023.

Em 2 de maio passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o restabelecimento da condenação dos quatro réus. Para a PGR, as nulidades elencadas não causaram prejuízo aos acusados. O STF ainda não julgou o caso.


Revista Oeste, com informações da Agência Estado

Via Revista Oeste

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