O deslocamento dos usuários de drogas da Rua dos Protestantes, na Santa Ifigênia, em São Paulo, levou para a Praça Marechal Deodoro uma realidade que já se tornou marca da cracolândia: bancas improvisadas para a venda de produtos.
Relatos de moradores da Santa Cecília, também na região central de São Paulo, apontam crescimento expressivo na presença de dependentes químicos na praça. A saída dos usuários do antigo ponto na Protestantes desencadeou essa movimentação.

A imagem feita nesta semana pelo jornal Folha de S.Paulo mostra grupos espalhados pela praça. Alguns estão sentados, outros deitados no chão. Objetos pessoais, roupas e sacolas ocupam boa parte do espaço. Sobre caixotes e cobertores, produtos são expostos. O local ganhou dos próprios frequentadores o nome de “shopping cracolândia”.
Esse tipo de comércio informal já existia em outros pontos da cidade. Durante anos, manteve-se nas imediações da Estação Júlio Prestes e em ruas como Gusmões, Helvétia e Vitória. A chegada desse cenário à Marechal Deodoro, vizinha ao Minhocão e a poucos metros de Higienópolis, indica um avanço inédito do problema.
Desde o início de maio, a repressão no centro de São Paulo tenta impedir grandes concentrações
As barracas cumprem dupla função. Servem tanto para vender roupas, bebidas e objetos usados quanto para sinalizar aos usuários a presença de drogas no local. Traficantes circulam pela praça, especialmente no período da noite e da madrugada.
Desde o início de maio, a repressão no centro de São Paulo tenta impedir grandes concentrações. Mesmo assim, a Praça Marechal frequentemente reúne mais de 50 usuários. Embora menor que outras aglomerações históricas da cracolândia, o fluxo preocupa. Na Rua dos Protestantes, drones da prefeitura identificaram até 280 pessoas em 2023. Na Rua Guaianases, esse número chegou a 400.