Durante uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, foi orientada por telefone a não comentar um ataque de míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia. O diálogo foi captado pelos microfones instalados no local da entrevista, nesta quinta-feira, 21.
“Sobre o ataque com míssil balístico a Yuzhmash, do qual os ocidentais estão falando, não estamos comentando nada”, disse uma voz masculina, ao citar o nome de uma empresa atingida pelo artefato. Maria respondeu, em seguida: “Sim, obrigada”.
A Força Aérea da Ucrânia acusou a Rússia de lançar um míssil balístico intercontinental (ICBM) contra a cidade de Dnipro. Se confirmado, seria o primeiro uso desse tipo de armamento em um conflito armado.
No entanto, fontes ocidentais afirmaram à emissora norte-americana ABC News que essa declaração de Kiev foi “exagerada” e que o míssil usado era de alcance mais curto, similar aos que Moscou já usou na guerra contra a Ucrânia.
Os mísseis balísticos intercontinentais, conforme o Centro de Controle de Armas e Não Proliferação (CCANC), são capazes de transportar ogivas nucleares ou convencionais a distâncias superiores a 5,5 mil km e podem alcançar mais de 10 mil km. Esses mísseis têm capacidade de atingir alvos em outros continentes.
A União Soviética lançou o primeiro ICBM, em 1957, seguida pelos Estados Unidos, em 1959. Eles podem ser movidos por combustível líquido ou sólido. Os de combustível sólido são mais rapidamente ativados.
Ucrânia teria utilizado mísseis norte-americanos
Alguns dias antes do ataque, Moscou afirmou que a Ucrânia, pela primeira vez em mil dias de conflito, usou mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos em seu território, depois da autorização do presidente norte-americano, Joe Biden.
A Rússia considerou esse ataque uma “nova fase” do conflito, ao promoter uma resposta “adequada”. Esse incidente intensificou as tensões no cenário internacional e mostra o uso de armamentos avançados.
Nesta semana, Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), pediu aos países do bloco que permitissem o uso de armas de longo alcance pela Ucrânia para atingir alvos na Rússia.
“Espero que todos os Estados membros da UE sigam a decisão dos Estados Unidos”, disse Borrell, durante uma reunião de ministros da Defesa da UE, em Bruxelas. “A guerra contra a Ucrânia afeta diretamente nossos valores e princípios. O destino dos ucranianos determinará o destino da UE.”