Já dizia William Shakespeare “O amor não vê com os olhos, vê com a mente; por isso é alado, e cego e tão potente.” Quem já viveu uma paixão sabe, amar pode ser bastante confuso, e às vezes é difícil até pensar direito. Mas existe uma explicação científica que explique porque se apaixonar confunde o cérebro?
Logo quando nos apaixonamos e começamos a nos relacionar com outra pessoa, entramos na fase da lua de mel, caracterizada pela novidade e excitação. Esse é um período em que tudo é empolgante em que os pombinhos mal podem se desgrudar. Porém, apesar de ser um momento mágico em que tudo parece fazer sentido, esse definitivamente não é o momento ideal para tomar decisões financeiras ou de carreira importantes.
Embora o amor romântico tenha uma história que remonta a cerca de cinco milhões de anos, desde a separação de nossos ancestrais, os grandes macacos, a ciência sabe muito pouco sobre a evolução desse fenômeno. Os antigos gregos, que filosofaram extensivamente sobre o amor, o reconheciam tanto como uma experiência incrível quanto como algo traumático. Curiosamente, o poema mais antigo já recuperado é um poema de amor. O Cântico de Amor de Shu-Sin um poema sumério é datado de aproximadamente 2000 a.C.
Entendendo o cérebro apaixonado
Em busca de respostas para entender o que acontece em nosso cérebro durante uma paixão. Cientistas australianos conduziram uma pesquisa envolvendo 1.556 jovens adultos que se autodenominavam “apaixonados”. As perguntas formuladas tinham como objetivo avaliar os sentimentos e comportamentos desses participantes em relação aos seus parceiros.
Na segunda fase do estudo, que examinou a intensidade do amor romântico inicial, apenas 812 dos participantes originais, que afirmaram estar apaixonados por no máximo dois anos, foram incluídos. Os pesquisadores buscaram investigar se o sistema de ativação comportamental (BAS), um mecanismo que promove comportamentos que podem levar a recompensas, desempenha um papel no amor romântico. Embora o BAS já tenha sido associado a diversos aspectos do comportamento humano e a condições psiquiátricas, esta foi a primeira vez que foi examinado nesse contexto específico.
Os resultados confirmaram o que muitos já experimentaram ao se apaixonar – o cérebro opera de maneira diferente, com pensamentos e ações temporariamente girando em torno do novo parceiro romântico. Os pesquisadores explicam que o BAS, sendo evolutivamente antigo, é utilizado de maneira inovadora pelo amor romântico.
Quanto ao que impulsiona essas mudanças comportamentais, o estudo sugere que uma explosão de hormônios pode ser a responsável. Ele destaca o papel da ocitocina no amor romântico, que circula no sistema nervoso e corrente sanguínea durante as interações com entes queridos. A combinação da ocitocina com a dopamina, um neurotransmissor liberado durante o amor romântico, é apontada como responsável pela atribuição de uma importância especial aos entes queridos.
Embora estejamos caminhando apenas na direção de desvendar os mistérios químicos do amor romântico, estudos como esse nos ajudam a entender como nosso cérebro pode ficar bagunçado pela paixão.