Ouvimos dizer que os carros antigos tinham um consumo alto de combustível, mas será que era tanto assim? Sim e não! E vamos explicar o porquê. Fato é que o consumo era maior em alguns casos e em outros nem tanto.
Primeiro, vamos analisar o combustível. Antigamente, os carros eram projetados para usar uma gasolina diferente da atual. A gasolina antiga não tinha altos percentuais de etanol e o elemento antidetonante era o chumbo.
Vamos tomar por base a gasolina usada nos anos 1970, que era azulada e também quando tivemos a primeira gasolina aditivada do Brasil. A gasolina aditivada tem detergentes, dispersantes e agentes anticorrosivos que limpam o motor. A gasolina daquela época até poderia ser usada em veículos atuais, mas poderia causar problemas como a carbonização de velas.
Portanto, isso não quer dizer que a gasolina é que interfere diretamente no consumo de combustível. A gasolina aditivada e a gasolina comum têm a mesma autonomia. Apenas era diferente e os carros eram desenvolvidos para o tipo da época.
Outros fatores podem ter influenciado no consumo de combustível dos carros antigos. As condições de rodagem, como as estradas e o trânsito, que eram diferentes, peças externas que não foram homologadas pelo fabricante, e modificações não autorizadas, como para-choques de impulsão, molduras de para-lamas, pneus de dimensões diferentes, bagageiros de teto, e até frisos, spoilers e calhas de chuva podem interferir no consumo.
A fama justificada dos ‘beberrões’
Os carros dos anos 70 e 80 tinham motores de baixa cilindrada, mas alguns modelos consumiam muita gasolina, como o Opala SS, uma versão esportiva do Opala. O motor de seis cilindros em linha de 4,1 litros do Opala SS consumia cerca de 4 km/l na cidade e 6 km/l na estrada.
Outros carros antigos consumiam menos combustível, como o Volkswagen Brasília, que fazia em média 9,3 km/l. O Volkswagen Fusca 1.600 fazia 10 km/l, o Chevrolet Opala 4 cilindros fazia 9 km/l, a Chevrolet Caravan 4 cilindros fazia 8,2 km/l, o Ford Belina fazia 9,8 km/l, o Ford Corcel II fazia 10 km/l e o Dodge I 800 SE (hatch) fazia 8,3 km/l.
Já o Civic CRX HF de 1989 era um modelo econômico, com um consumo médio de 17,4 km/l na cidade e 21,2 km/l nas estradas.
Tamanho é documento?
No entanto, com exceção dos carrões com motores V8 ou com os tradicionais 6 cilindros, os carros antigos não se diferenciavam tanto assim dos atuais no consumo de combustível.
O tamanho médio do tanque de combustível de um carro brasileiro é de 55 litros. E para essa média levamos em conta hatches, sedãs, SUVs compactos e médios, picapes, peruas e demais veículos tradicionais à venda no mercado. No entanto, há tanques menores, com pouco menos de 40 litros, e maiores, com pouco mais de 115 litros.
Os carros mais antigos utilizavam motores de 4 cilindros, chamados de motores 1.0 de 4 cilindros. Hoje, a combustão é otimizada para entregar o máximo de potência com o mínimo de consumo.
Potência e consumo eram conceitos diferentes nos carros antigos
A potência bruta de um veículo é a capacidade do motor de executar uma tarefa num determinado tempo. É o resultado da relação entre o torque e a quantidade de rotações (ciclos dos cilindros). Desta forma, é medida a potência bruta do motor. As montadoras usam os resultados obtidos nestes testes nas fichas técnicas dos veículos.
Não havia a preocupação de associar potência com consumo nos carros antigos. Com o passar do tempo, questões como escassez de combustível e recursos naturais, alta de preços, danos ao meio ambiente, entre otras, mudam os conceitos. E as montadoras passaram a investir em alternativas para diminuir o consumo de combustível.
Nostalgia pré-crise energética
A preocupação com o consumo de combustível começou na década de 1970, quando as crises do petróleo expuseram a vulnerabilidade dos sistemas energéticos. Isso levou a um movimento mundial para desenvolver novas fontes de energia, incluindo o álcool combustível.
A criação da injeção eletrônica permitiu um melhor aproveitamento da energia contida no combustível, aumentando a eficiência do veículo e reduzindo o consumo de combustível. Esse mecanismo começou a ser desenvolvido em 1957 e o primeiro sistema de injeção eletrônica para automóveis foi lançado nos Estados Unidos em 1957.
O primeiro sistema utilizado no Brasil foi o LE Jetronic, desenvolvido pela Bosch, em 1988. O primeiro veículo nacional a oferecer a injeção eletrônica foi o Volkswagen Gol GTi.
Agora, esses carros clássicos são considerados verdadeiras relíquias e muitos colecionadores se dedicam a restaurá-los e mantê-los em bom estado. Mesmo com o alto consumo de combustível, continuam sendo admirados e cobiçados pelos amantes de carros antigos.
O aumento do preço da gasolina torna o colecionismo de carros antigos mais caro. Como os automóveis consomem mais combustível e exigem manutenção frequente, é um hobby caro.
Outros fatores que podem influenciar no consumo de combustível nos carros antigos ou novos incluem:
- Filtros de óleo, combustível e ar vencidos, sujos ou entupidos
- Filtro de combustível não substituído no tempo certo
- Pneus descalibrados
- Filtro de ar sujo ou com a especificação incorreta para o carro