A tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul levou lideranças locais a discutirem a possibilidade de adiamento das eleições municipais, programadas para outubro. As informações são do jornal O Globo.
A justificativa principal é a destruição de muitos locais de votação, como escolas, e a falta de condições para uma campanha eleitoral adequada.
O deputado federal e presidente estadual do Partido Liberal (PL), Giovani Cherini, foi um dos primeiros a sugerirem o adiamento para o primeiro semestre de 2025, quando a população já poderia estar em condições de voltar às suas casas.
“Eu defendo o adiamento das eleições”, afirmou Cherini ao Globo. “Não tem clima, tem 60% da população debaixo d’água.”
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), ressaltou que qualquer decisão sobre o adiamento deve ser tomada com muito critério e coletivamente pelas instâncias adequadas, mas defende a ideia de que o debate ocorra depois do “auge da catástrofe”, quando se terá uma melhor compreensão do impacto dos temporais.
A presidente do Observatório Eleitoral da OAB-SP, Maíra Recchia, também acredita que a gravidade da situação pode justificar o adiamento das eleições municipais. Ela lembrou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já prorrogou por 15 dias o prazo final para o fechamento do cadastro eleitoral no Estado.
Eleições municipais foram adiadas na pandemia
Em 2020, em meio à pandemia de coronavírus, o Congresso aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que adiou as eleições municipais de outubro para novembro.
No mesmo ano, o TSE adiou ainda mais a votação em Macapá, no Amapá, devido aos apagões na cidade.
Os partidos no poder no Estado, o PSDB do governador Eduardo Leite e o MDB de Sebastião Melo, ainda não têm uma posição definida sobre o assunto, mas concordam que o tema deve ser discutido.
O deputado federal e presidente do diretório municipal do PL em Porto Alegre, Luciano Zucco, relatou que foi procurado por lideranças políticas de várias cidades para discutir o adiamento das eleições, que estão marcadas para daqui a cinco meses.
Zucco argumenta que “é inimaginável realizar uma eleição em meio a um cenário de guerra” e destacou que milhares de pessoas estão desabrigadas e muitos prédios públicos, inclusive locais de votação, foram destruídos. “Hoje, defenderia o adiamento, mas teremos tempo para definir mais à frente”, declarou.
Esquerda é contra adiamento
A esquerda, representada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), se posiciona contra o adiamento. Juçara Dutra Vieira, presidente do PT gaúcho, afirmou que o partido não considera essa hipótese.
Já o prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin (PL-RS), ressaltou que o cenário de destruição inviabiliza a realização das convenções partidárias, marcadas para entre 20 de julho e 5 de agosto, período em que as siglas escolhem candidatos e discutem coligações.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio Grande do Sul ainda não se pronunciaram sobre o assunto.