quarta-feira, junho 18, 2025
InícioGeralpolícia prende advogados acusados de mandar matar clientes

polícia prende advogados acusados de mandar matar clientes

Um casal de advogados — Hércules Praça Barroso, de 47 anos, e Fernanda Morales Teixeira, de 44 anos — foi preso nesta terça-feira, 17, em São Carlos (SP), acusado de ser o mandante da morte de um casal de empresários de Araraquara, cidade próxima, a quem eles prestavam serviços havia cerca de dez anos. Segundo a polícia, os advogados planejavam ficar com o patrimônio dos clientes, que não têm filhos.

Os presos também são acusados de mentir para o casal, inventando gastos processuais inexistentes que, somados a outra manobra, causaram prejuízo de aproximadamente R$ 15 milhões ao casal morto, segundo a polícia. O advogado do casal preso nega as acusações e diz que vai provar a inocência de seus clientes.

Quem eram os advogados presos?

Os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira foram presos na manhã desta terça-feira, 17, na casa em que moravam, em um condomínio de luxo de São Carlos, durante a Operação Jogo Duplo, deflagrada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba.

Segundo a Polícia Civil, eles foram os mandantes da morte dos empresários José Ometo Pavan e Rosana Ferrari, ocorrida em abril, em São Pedro. Pavan, de 69 anos, era comerciante, e sua mulher, de 61 anos, era dona de uma escola de educação infantil em Araraquara. Os dois foram encontrados mortos a tiros na noite de 6 de abril, dentro da picape Fiat Toro usada pelo casal.

O veículo estava abandonado na zona rural de São Pedro. Pavan estava no banco do veículo, com as mãos amarradas, e a mulher foi encontrada na caçamba, que estava coberta com a lona de proteção.

Dois homens foram presos nesta terça-feira, 17, na mesma operação da Polícia Civil, acusados de serem os executores. Um deles foi detido em São Carlos, e o outro em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo. A Justiça decretou a prisão temporária, por 30 dias, desses dois homens e do casal de advogados. A polícia investiga a participação de mais dois homens.

A fraude

Segundo a Polícia Civil, em 2013 Pavan e Rosana lançaram um conjunto de flats em São Carlos e venderam parte das unidades ainda na planta. O projeto não se concretizou e algumas pessoas que haviam comprado unidades recorreram à Justiça reclamando a devolução do dinheiro pago, além de indenização.

Nessa época o casal contratou o casal de advogados e constituiu uma holding, para a qual transferiu o patrimônio, que assim ficaria protegido de eventuais ordens judiciais para pagamento aos compradores dos flats.

A holding foi registrada em nome do casal de advogados, segundo a polícia. “Esses bens foram transferidos por meio de contratos de ‘dação em pagamento’, como se as vítimas estivessem pagando honorários para os advogados. Só em imóveis, foi uma média de R$ 12 milhões em honorários. É um valor muito acima da média”, afirmou a delegada Juliana Ricci, do Deic de Piracicaba, responsável pelo caso, durante entrevista coletiva concedida nesta terça-feira.

Além da transferência do patrimônio, os advogados cobravam dos empresários falsas custas judiciais, chegando a criar boletos bancários falsificados para justificar os pagamentos. A polícia estima que essas custas inventadas somam quase R$ 3 milhões.

O motivo do crime cometido pelos advogados

A polícia acredita que os advogados decidiram matar seus clientes para concretizar a transferência do patrimônio antes que o casal tentasse mudar os donos da holding.

“Imaginamos que eles (os advogados) arquitetaram o crime para se apossar de forma definitiva dos bens das vítimas, porque eles (empresários) não tinham descendentes. Era um casal sem filhos. Os pais também já são falecidos, e os bens deles estão no nome dos advogados. Eles morrendo, quem questionaria isso?”, disse a delegada.

Procurado pela reportagem, o advogado Reginaldo Silveira, que defende o casal de advogados presos, afirmou que as provas são frágeis e classificou o caso como “curioso”.

“Havia uma relação entre as partes, onde os honorários eram pagos através de imóveis, não eram pagos em espécie. Nós vamos conseguir provar a inocência do casal, vamos comprovar que a única relação que havia era de advogado-cliente, nada mais do que isso”, afirmou Silveira.


Redação Oeste, com informações da Agência Estado

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui