segunda-feira, novembro 25, 2024
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Polícia dos EUA localiza brasileira desaparecida há 23 dias; jovem de 17 anos está ‘muito abalada’, diz o pai

Análise do notebook da jovem pela polícia norte-americana revelou ligações para uma pessoa na manhã em que ela desapareceu

O Departamento de Polícia de Washington DC, nos Estados Unidos, localizou no fim desta quarta-feira brasileira Manuela Keller Cohen, de 17 anos, que saiu da casa onde morava com os pais na capital dos EUA há 23 dias e nunca mais voltou. Os agentes localizaram a jovem em uma cidade de Maryland, a cerca de 30 minutos da capital norte-americana.

— O investigador e o detetive estavam trabalhando juntos. Eles tiveram uma pista de um local a trinta minutos de Washington, e lá ela estava. Fisicamente ela está bem, mas não psicologicamente. Ela disse pra gente que está muito abalada — afirmou o pai da jovem, Bruno Cohen.

Mais cedo, os investigadores comunicaram aos pais de Manuela que as investigações avançaram a partir da análise do notebook da jovem. Segundo Sofia, mãe da adolescente, os agentes informaram que foi possível descobrir ligações de Manuela para um perfil do Instagram na manhã do desaparecimento, em 20 de novembro.

Cartaz da polícia de Washington — Foto: Reprodução

Até pouco tempo, a polícia ainda não sabia com quem a adolescente se comunicou, mas já havia solicitado assistência da Meta, empresa dona da rede social, para disponibilizar informações que possam ajudar na investigação.

— Ela afirmou que estava lá porque ela queria. Isso é incompreensível, mas estamos aqui para amparar ela, cuidar dela, dar todo o amor possível pra ela. Em meu nome e da Sofia, agradeço a todos que compartilharam, todas as palavras de amor, orações. Nunca vou esquecer, obrigado mesmo por tudo. Agora ela não quer falar nada, mas ela vai voltar e falar com todos vocês — finalizou Bruno.

Entenda o caso

 

Antes de desaparecer, a jovem estava em tratamento contra ansiedade e depressão. Após notarem comportamentos diferentes, os pais de Manuela descobriram o envolvimento dela com drogas, que teriam sido fornecidas por um rapaz de 21 anos que se envolveu romanticamente com ela.

— Viver tudo isso é muito angustiante, cada dia que passa sem noticia dela é um suplicio. Não saber como ela tá, onde ela está. Graças deus temos muitos amigos aqui, além de alguns poucos familiares. Mas o maior apoio que tenho é o da minha mãe, que por coincidência já vinha passar o fim de ano aqui conosco — desabafou Sofia ao Globo na última semana

Ela chegou a ser internada em uma clínica de reabilitação por dois meses, nos Estados Unidos, e estava comprometida com o tratamento. Mas, poucos meses depois, a jovem teve uma overdose de fentanil, opióide 50 vezes mais potente que a heroína que virou problema de saúde pública nos EUA.

— Dois meses depois que ela saiu dessa clínica, no início de março deste ano, ela teve uma overdose de fentanil. Foi levada para o hospital desacordada, e foi nessa ocasião que ela, com muito medo do que aconteceu, finalmente abriu o jogo da existência desse rapaz. Ela contou que foi ele quem tinha fornecido o comprimido de fentanil para ela — afirmou Sofia.

Volta ao Brasil

 

Entre a overdose e o desaparecimento, Sofia decidiu voltar ao Brasil, por orientação do psiquiatra que acompanhava Manuela, para que ela se afastasse do ciclo que conectou ela às drogas. Elas voltaram para Brasília, onde ficaram entre abril e setembro, período que a mãe afirma que ela estava comprometida com o tratamento. Mesmo assim, em julho, Sofia descobriu que o menino ainda tentava contato com Manuela.

Sofia Neiva, Manuela e Bruno Cohen — Foto: Arquivo pessoal

Em um último contato com a família, Manuela afirmou que estava em Baltimore, cidade a uma hora de Washington, “com alguns amigos”. A menina também teria dito que “precisava de um tempo pra ela”. Manuela não fez mais contato.

Família contratou detetive particular

 

Após o registro da ocorrência no Departamento de Polícia de Washington, a família foi informada de que precisaria contratar um detetive particular para investigar o caso. Segundo Sofia a “investigação paralela” foi uma indicação do Consulado do Brasil em Washington, que disse não poder interferir nas investigações policiais, mas que dariam assistência jurídica. Nos Estados Unidos, é comum que famílias de pessoas desaparecidas iniciem uma investigação por conta própria.

O casal de brasileiros também passou todas as informações que sabiam sobre o rapaz para a polícia, já que uma ocorrência policial foi aberta. Mas, tentando fazer o acompanhamento do caso, eles souberam que nada poderia ser feito pois o registro foi médico, e não criminal.

 

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