Registros fotográficos recentes mostraram que duas espécies de plantas nativas da Antártida estão se espalhando pelo território, algo raro até então e que é consequência do aquecimento global. Ao mesmo tempo, pesquisadores da Universidade de Washington registraram um recorde de temperatura “fora do normal” no continente, que arrisca a manutenção do bioma gelado.
Plantas na Antártida
Os registros mostraram que duas espécies de angiospermas (plantas com flor) estão se espalhando pela Antártida: tratam-se da erva-pilosa-antártida (Deschampsia antarctica) e a pêra-da-antártida (Colobanthus quitensis).
O clima local é inóspito para uma grande variedade de plantas, já que apenas 2% do território não é coberto por neve, o que dificulta o crescimento e explica a ausência.
Segundo Mariana Cabral de Oliveira, professora do Instituto de Biociências da USP, ao Jornal da USP, o principal responsável pela mudança nesse cenário é o aquecimento do continente, fruto das mudanças climáticas.
Ainda, apesar da proliferação das angiospermas ser raro, a Antártida tem outros tipos de organismos fotossintetizantes, como líquens, musgos e algas terrestres.
Aquecimento global
Em março de 2022, pesquisadores da Universidade de Washington já haviam feito descobertas preocupantes:
- Eles registraram um aumento de temperatura de cerca de 39ºC acima da média no Domo C, no Planalto Antártico, o lugar mais frio da Terra;
- A média de temperatura por lá é -50ºC, mas chegou a -11,5ºC;
- De acordo com Robert Rohde, cientista-chefe da organização de análises climáticas Berkeley Earth, a temperatura foi um “novo recorde mundial para o maior excesso de temperatura acima do normal já medido em uma estação meteorológica”;
- Para Oliveira, essas mudanças que causam o cenário diferente no continente, propiciando a proliferação das plantas.
Ela ainda destaca que, desde 1959, o Tratado Antártico define uma série de regulamentações para que pessoas que visitem o continente tomem medidas, como limpar vestimentas ou calçados, para não contaminá-lo com sementes ou novas espécies, e desbalancear a flora local.
Soluções
Para Ilana Wainer, professora de Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico da USP, ao site, a reversão do cenário atual da Antártida é difícil, principalmente quando os gases efeito estufa emitidos pela atividade humana são a principal causa do aquecimento global.
No entanto, um quadro de melhora envolve investimentos em pesquisas científicas para estudar e compreender os fenômenos, levando ao debate de estratégias de mitigação dos impactos.
Isso depende do esforço global, segundo ela.