Atenção, ativistas pelo meio ambiente! Um artigo publicado recentemente na revista Nature Communications diz que plantar árvores em locais inadequados pode contribuir para o aquecimento global, em vez de combatê-lo.
As árvores desempenham um papel crucial na absorção do dióxido de carbono, e a restauração de áreas florestais degradadas ou o plantio de mudas para aumentar a cobertura arbórea são estratégias importantes na luta contra as mudanças climáticas. No entanto, segundo a pesquisa, em alguns casos, o aumento da densidade de árvores pode resultar em menos luz solar refletida de volta para o espaço e, consequentemente, em maior absorção de calor pela Terra.
Uma das autoras do novo estudo é Susan Cook-Patton, cientista sênior de restauração florestal da equipe científica de soluções climáticas naturais da The Nature Conservancy, uma organização internacional, sem fins lucrativos, líder na conservação da biodiversidade e do meio ambiente.
Em declaração à agência de notícias APF, ela disse que a reposição de árvores pode ter efeitos negativos em determinadas regiões. Os cientistas já sabiam que a restauração da cobertura florestal afeta o albedo, ou seja, a quantidade de radiação solar refletida da superfície terrestre, mas faltavam ferramentas para explicar completamente esse fenômeno.
Reflorestamento continua sendo estratégia valiosa contra o aquecimento global
Por meio de novos mapas, os pesquisadores puderam, pela primeira vez, considerar tanto o efeito de resfriamento das árvores quanto o impacto do albedo reduzido. Descobriu-se que projetos que não levaram em conta o albedo superestimaram os benefícios climáticos das árvores em até 80%.
No entanto, esses mapas também oferecem uma oportunidade para os formuladores de políticas direcionarem recursos de forma mais eficaz para alcançar o máximo impacto na mitigação climática. Segundo a equipe, há muitas regiões onde o reflorestamento é uma estratégia valiosa na luta contra as mudanças climáticas, e o objetivo é identificar esses locais.
As áreas cobertas de gelo e neve têm um albedo elevado, refletindo até 90% da energia solar. Esse fenômeno contribui significativamente para o resfriamento global. No entanto, nem todos os esforços de reflorestamento têm o mesmo impacto positivo. Ambientes tropicais úmidos, como a Amazônia e a Bacia do Congo, são locais ideais para o reflorestamento devido ao seu alto armazenamento de carbono e baixas mudanças no albedo. Por outro lado, em regiões temperadas e savanas, os efeitos podem ser diferentes.
Mesmo em locais ideais, os projetos provavelmente fornecem menos resfriamento do que o esperado quando as mudanças no albedo são consideradas.
Os autores do estudo salientam que é importante reconhecer que os recursos são limitados e, portanto, é fundamental maximizar o impacto das ações de reflorestamento, garantindo o maior benefício climático possível por hectare investido. Embora seja crucial reconhecer as limitações, isso não deve desencorajar os esforços de reflorestamento, mas sim direcioná-los de maneira mais estratégica e eficaz.