quinta-feira, setembro 19, 2024
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Planeta ovalado parecido com a Terra está condenado à morte

Astrônomos têm investigado exoplanetas que orbitam suas estrelas a distâncias extremamente curtas, levantando questões sobre o que acontece quando um desses mundos, especialmente aqueles do tamanho da Terra, se aproxima tanto de sua estrela que pode ser deformado e corre o risco de ser devorado por ela.

Um estudo recente disponível no servidor de pré-impressão arXiv e já aceito para publicação pelo AAS Journals explorou exatamente isso: um exoplaneta do tamanho da Terra com um período orbital incrivelmente curto de apenas 5,7 horas. 

Esses planetas são conhecidos como exoplanetas de “período ultracurto” (USP, na sigla em inglês) e são de particular interesse porque podem sofrer um processo conhecido como perturbação de maré, que eventualmente pode deformá-los e levá-los a ser consumidos por suas estrelas.

Representação artística do exoplaneta TOI-6255 b, que está prestes a ser devorado por sua estrela hospedeira. Crédito: NASA

Um dos aspectos mais fascinantes deste estudo é a descoberta de que o exoplaneta TOI-6255 b, que se encontra a aproximadamente 65 anos-luz da Terra, está se deformando devido às forças de maré de sua estrela. Essa deformação é tão intensa que o planeta assumiu a forma de uma bola de futebol americano, com um desvio de 10% em relação a uma forma esférica perfeita. Para comparação, a Terra sofre uma distorção de maré insignificante, com um desvio de apenas 0,0000001 devido à influência gravitacional da Lua.

Esquema mostra a deformação rotacional (canto superior esquerdo), distorção de maré (canto superior direito) e o efeito combinado para um planeta em rotação síncrona (parte inferior). A estrela hospedeira está localizada ao longo do eixo x. O movimento orbital é contra a direção do eixo y. A deformação rotacional produz um planeta oblato com uma protuberância no equador. A distorção de maré ocorre ao longo do eixo que une o planeta e a estrela hospedeira. Crédito: Fei Dai et al

O TOI-6255 b tem um raio de aproximadamente 1,08 vezes o da Terra e uma massa de cerca de 1,44 vezes a do nosso planeta, características que, em condições diferentes, poderiam torná-lo um candidato à habitabilidade. 

No entanto, sua órbita extremamente curta o deixa exposto a temperaturas altíssimas, tornando-o hostil para a vida como a conhecemos. Além disso, essa proximidade o coloca perigosamente perto do limite de Roche, a distância crítica em que a gravidade da estrela pode começar a despedaçar o planeta.

Fei Dai, astrônomo assistente no Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí e principal autor do estudo, explicou ao Universe Today que cerca de 10% das estrelas semelhantes ao Sol podem ter engolido seus planetas rochosos, e o sistema TOI-6255 é um exemplo primordial desses eventos de engolfamento planetário. 

Exoplaneta pode ajudar a compreender a Terra

A investigação dessas perturbações de maré não apenas fornece informações sobre a composição interna desses exoplanetas, como também oferece uma oportunidade de comparar suas características com as da Terra.

Condenado a ser aniquilado em cerca de 400 milhões de anos (um período curto em termos cósmicos), TOI-6255 b pode oferecer insights valiosos para a ciência. Observações futuras com o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, por exemplo, podem confirmar a deformação do planeta e até revelar se ele possui uma superfície coberta por lava, como seria esperado em um mundo tão quente.

Os USP, como o TOI-6255 b, são uma classe rara de exoplanetas com órbitas extremamente curtas e massas relativamente pequenas. Estima-se que menos de 0,5% desses planetas existam ao redor de estrelas semelhantes ao Sol. Embora sejam improváveis de abrigar vida, esses mundos desafiantes contribuem para expandir nossa compreensão da diversidade de sistemas planetários.

Via Olhar Digital

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