PIAUIENSE LANÇA LIVRO NA SUIÇA

Hoje deixo de lado a política, para apresentar aos amigos um pequeno trecho do livro de estreia da mana Valquíria Leite Walt – Só o Coração Sabe Dizer – que será lançado primeiro na Suíça, onde ela reside. Depois, em Teresina e em nossa terra natal, Campo Maior, a Terra dos Carnaubais, em data ainda a ser definida.

Na crônica poética Lembranças da Minha Infância, Val resgata os bons tempos das férias na casa dos nossos avós maternos – Zuza Leite e Dona Antônia. Tempos de fartura e muita animação na Fazenda Socorro:

“Lembro com saudade do meu tempo de criança,
No alpendre da Casa  Grande, tio Damião
Desfiava estórias de trancoso, de caçadores e fantasmas
Com medo das visagens que ele vira nas noites de lua cheia, a criançada dormia mais cedo
enrolada nos lençóis, dos pés à cabeça
sem dar trabalho às mães!

De manhã bem cedo, ao cantar do galo, todos corriam para o curral para saborear um delicioso leite mugido.

Barraca, o vaqueiro da fazenda, que tirava o leite, parecia um gigante aos olhos da meninada!

De repente, os gritos da Zezé anunciando o saboroso café da manhã e ai de quem se atrasasse, vó Antônia ficava brava!

Tempos bons, tempos de fartura, dos assaltos às roças de melancia, dos banhos no Açude Grande e dos passeios em lombos de animal.

As visitas às casas de Madrinha Jesus e de tio Bispo, na entrada do Socorro, e a Dona Vespa, a velhinha cachimbeira, que morava numa choupana perto da casa do
vaqueiro.

Ali perto, dentro do cercado de arame, a frequente romaria para ver “o pezinho de Nossa Senhora” gravado numa enorme pedra.

As vaquejadas, as corridas de cavalos
As farinhadas na Casa Grande
com deliciosos beijus de coco
Vocês se lembram das nossas férias
Quando aproveitávamos para curtir a natureza,
Com toda uma pureza infantil?

Vocês se lembram das cavalgadas dos vaqueiros
pelos campos à procura do gado?

Como era bom o banho nas águas azuis e frias
do poço cacimbão, no pequeno cercado entre a casa
e o curral, uma festa para a criançada!

Vocês se lembram de nossas fugidas
para o Cercado Grande, onde sempre um boi brabo nos botava pra correr?

Bons tempos aqueles, quando ainda não pensávamos nas tristezas tamanhas e na vida marcada de medonha solidão.

Com a morte do meu avô
e a mudança de minha avó,
Dona Vespa se encantou
tomou rumo ignorado
Dela nunca mais se ouviu falar.

Na Casa Grande, Totô, nosso bisavô,
cego e já velhinho, tateava nas paredes
em busca do caminho, sem reclamar da solidão
recusou-se a sair do Socorro
Ficou na fazenda até o último suspiro!