A Polícia Federal (PF) já vê avanços em investigações após a mudança na chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), com a chegada de Paulo Gonet, em dezembro passado, segundo integrantes da cúpula da PF ouvidos pela CNN.
Segundo relatos, os investigadores acreditam que mais operações serão feitas neste ano, com manifestações favoráveis da PGR.
De forma prática, a PF conta com respaldo da Procuradoria-Geral em pedidos de medidas cautelares e judiciais e em processos investigatórios. E a cada busca há avanço nos inquéritos com o material apreendido e analisado.
Em um processo formal, é necessário investigação e pedido da PF, um parecer da PGR e uma decisão da Justiça.
Provas desse avanço, segundo investigadores, são as operações seguidas contra o monitoramento ilegal feito na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob o comando de Alexandre Ramagem. Foram duas em um intervalo de cinco dias com parecer favorável do PGR Paulo Gonet.
A PF também acredita na sinergia entre as duas instituições em diversos outros pontos.
Na gestão do antecessor de Gonet, Augusto Aras, por exemplo, a PGR foi contrária à delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com a PF.
O argumento do Ministério Público foi que não cabe à corporação policial assinar tal tipo de colaboração, e sim a PGR, que é responsável pela apresentação de eventuais denúncias.
Em novembro, a delação de Mauro Cid foi chamada de “fraca” pelo subprocurador Carlos Frederico Santos – da equipe de Gonet -, que cuidava do processo na PGR. Ele entregou o cargo antes da posse de Gonet.
Um outro caso que deve ter desdobramento é o inquérito que investiga a hostilização ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e sua família no aeroporto internacional de Roma, em julho do ano passado.
Já houve desencontros entre a interina Elizeta Ramos e a subprocuradora Ana Borges com a PF e o STF em relação a imagens do caso e inclusão do ministro Moraes como assistente de acusação.
Outros processos investigatórios que também devem caminhar a passos largos são os envolvendo Mauro Cid, a exemplo das milionárias joias sauditas, da fraude na carteira de vacinação de Covid-19 e a suposta organização dos atos antidemocráticos que culminaram com a invasão e a depredação da sede dos Três Poderes.
Neste momento, a PF está na fase de corroborar alguns pontos da delação de Cid, que tem cerca de 50 páginas e é dividida em cinco tópicos. A PGR e a PF têm questões a serem esclarecidas nesse sentido e os investigadores contam com cooperação jurídica internacional dos Estados Unidos para finalizar o caso principal das joias.
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