A divisão de combate ao terrorismo da Polícia Federal (PF) concluiu o processo de coletar depoimentos sobre o caso do suicida de Brasília. A investigação ouviu ao menos dez pessoas que poderiam dar maiores informações sobre as ações de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. Ele provocou explosões na última quarta-feira, 13, na Praça dos Três Poderes, e se matou no local.
Desde o episódio, a polícia ouviu dois seguranças do Supremo Tribunal Federal e um policial militar que estavam presentes no local do suicídio. O proprietário da loja onde Francisco comprou mais de R$ 1,5 mil em fogos de artifício também prestou depoimento.
Antes do ataque, Francisco estava hospedado em uma residência em Ceilândia, no Distrito Federal. Os investigadores ouviram a administradora e a proprietária da quitinete onde ele morava.
PF encontra explosivos do suicida de Brasília
No mesmo imóvel, policiais encontraram mais explosivos, inclusive uma bomba em uma gaveta, que poderia ser uma armadilha para os agentes, segundo Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. Mesmo depois das detonações, uma caixa de rojões foi encontrada na pia do quarto.
A ex-mulher de Francisco, internada depois de um incêndio em sua casa, também prestou depoimento, afirmando que Francisco possivelmente planejava assassinar o ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
Testemunhas e movimentações de Francisco
Um dos filhos de Francisco viajou a Brasília para liberar o corpo do pai. Ele também participou da oitiva. Além dele, depôs na polícia um morador de rua que vivia próximo ao trailer estacionado perto do Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Francisco passou longos períodos em Brasília e visitou prédios públicos antes de se suicidar. A Câmara dos Deputados informou que, na manhã daquela quarta-feira, Francisco esteve no Anexo IV. Ele entrou às 8h15, foi ao banheiro e saiu logo depois. Ele vestia calça jeans, chinelos, camiseta e chapéu, roupas diferentes das usadas no ataque.
Planos e investigações em andamento
Dias antes de lançar os explosivos na Praça dos Três Poderes, Francisco se desfez de seus pertences e afirmou que deixaria a capital depois de “fazer o que precisava”. Ele também disse que uma nota de US$ 1 assinada por ele teria valor no futuro. As autoridades investigam para entender as motivações do suicida.
A Polícia Federal aguarda a conclusão das perícias no trailer onde havia explosivos. Segundo informações da Folha de S.Paulo, a PF solicitou a quebra do sigilo fiscal, bancário e telemático de Francisco, já autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, embora não tenha confirmado oficialmente a informação.