A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira, 20, uma operação contra um grupo acusado de causar um dano superior a R$ 220 milhões em queimadas no Pantanal. Os criminosos realizaram os incêndios com objetivo de desmatar e explorar ilegalmente terras da União na região de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos por policiais federais, com ordens emitidas pela Justiça Federal do município, em colaboração com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro-MS).
As investigações dos incêndios ocorridos em 2024 revelaram que a área afetada é alvo frequente de crimes ambientais e, posteriormente, de grilagem por meio de fraudes nos órgãos governamentais.
A ocupação irregular da área, que soma 6.419,72 hectares, tem sido usada para exploração econômica através da pecuária. Buscas na região identificaram pelo menos 2.100 cabeças de gado na área da União, com uma estimativa de criação de mais de 7.200 animais durante o período investigado.
Prejuízos financeiros das queimadas
A perícia da Polícia Federal calculou um dano superior a R$ 220 milhões causado pela exploração da área pelo grupo investigado.
Os investigados responderão, conforme suas responsabilidades, pelos crimes de provocar incêndio em mata ou floresta, desmatamento, exploração econômica de área pública, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.
A operação foi batizada de Prometeu, referindo-se ao mau uso histórico do fogo nas pastagens do bioma pantanal, incentivando a pecuária e o avanço sobre o Pantanal.
O nome faz alusão ao personagem mitológico grego que roubou o fogo dos deuses e entregou à humanidade, sendo punido por Zeus.
Governo federal garante investigação sobre incêndios
Nesta quinta-feira, 19, o ministro da Casa Civil Rui Costa, já tinha garantido que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Polícia Federal (PF), estava investigando as queimadas com caráter criminoso. Disse ter pedido aos governadores para que a Polícia Civil de cada Estado auxilie nas apurações depois de acionamento da Polícia Militar nas ocorrências.
Questionado se poderiam ter queimadas realizadas por interesse político, o ministro da Casa Civil declarou: “Não gosto de ficar especulando, só falo que é aspecto criminal”.
“Por enquanto, o que podemos falar, é que o MJSP e a PF estão empenhados para fazer a apuração”, afirmou. “Mas, por exemplo, o governador Ibaneis [Rocha, do DF] afirmou que houve prisões hoje que, no momento da prisão, confirmaram ter sido contratadas para tacar fogo naquelas áreas porque depois seriam locais destinados à grilagem de terra. Então, as motivações são diversas.”
Por fim, Rui Costa sinalizou que o ministro Ricardo Lewandowski (MJSP) vai enviar, até esta sexta-feira, 20, para a Casa Civil, “um conjunto de medidas para mudar a legislação, inclusive do aspecto das punições dos incêndios florestais”.
“Inclusive, das punições, de endurecimento das penas. Essa foi uma reclamação unânime”, finalizou o chefe da Casa Civil.