A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira, 28, a Operação Concierge, com o objetivo de desarticular a atuação do crime organizado, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC), em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
Os crimes aconteciam por meio de bancos digitais irregulares, fintechs, que operavam em instituições de grande porte autorizadas pelo Banco Central. A movimentação financeira gira em torno de R$ 7,5 bilhões, segundo a investigação.
Essa é uma das mais importantes ofensivas da PF contra o PCC. O objetivo do superintendente da PF em São Paulo, delegado Rodrigo Sanfurgo, é sufocar as finanças do crime organizado.
A PF revelou que a organização criminosa oferecia abertamente, por meio de dois bancos digitais, denominados fintechs, contas clandestinas, que permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial de forma oculta.
Essas movimentações foram utilizadas por facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas, tributárias, entre outros fins ilícitos.
Durante a operação, serão cumpridos dez mandados de prisão preventiva, sete mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, todos expedidos pela 9ª Vara Federal em Campinas. Participaram da ação 200 policiais federais.
A Justiça também determinou a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização criminosa, a suspensão da inscrição de dois advogados na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a suspensão do registro de contabilidade de quatro contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco).
Além disso, foram bloqueados R$ 850 milhões em contas associadas ao grupo criminoso.
A PF destacou que as contas eram anunciadas como “contas garantidas, porque eram ‘invisíveis’ ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando por meio de contas bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem”.
Máquinas de cartão de crédito em nomes de empresas de fachada também foram usadas para pagamentos não relacionados aos verdadeiros usuários, o que permitia a lavagem de dinheiro e o pagamento de atos ilícitos de forma oculta.
Os investigados poderão responder pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, ocultação de capitais (lavagem de dinheiro), crimes contra a ordem tributária e organização criminosa, conforme informou a PF.