Na manhã desta terça-feira, 26, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação em sete unidades federativas, incluindo o Distrito Federal. A ação teve como alvo uma organização criminosa, liderada em parte por chineses, suspeita de movimentar R$ 6 bilhões em práticas ilegais nos últimos cinco anos.
As investigações, que começaram em 2022, revelaram um esquema complexo de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, envolvendo 15 países.
Foram cumpridos 16 mandados de prisão preventiva e 41 mandados de busca e apreensão em locais como São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Ceará, Santa Catarina e Bahia.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 10 bilhões de 214 empresas envolvidas. A quadrilha contava com brasileiros e estrangeiros, incluindo policiais militares e civis, além de gerentes de banco e contadores. Segundo a Polícia Federal, o dinheiro circulava dentro do Brasil e para destinos como China e Hong Kong.
Outros países foram afetados, incluindo Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia e Emirados Árabes Unidos.
O esquema visava atender não só o território chinês, mas também qualquer pessoa que quisesse ocultar capitais ou realizar transações internacionais.
Crimes identificados pela PF
Em Campinas, o foco foi o braço direito do líder do esquema, que tentou destruir provas para obstruir a investigação. O material apreendido foi levado para a delegacia da PF na cidade.
A organização utilizava métodos clássicos de lavagem de dinheiro, como boletagem, empresas de fachada e falsificação de documentos.
Além disso, adotavam técnicas modernas, como o uso de fintechs e transferências para criptoativos. Esses métodos permitiram que a organização aumentasse suas operações de milhões para bilhões de reais.
A Receita Federal apoiou a operação em algumas localidades, realizando análises fiscais detalhadas.
Em 2024, o chefe do grupo movimentou individualmente R$ 800 milhões, buscando criar empresas e contas bancárias para transacionar R$ 2 bilhões diariamente. As operações de crédito e débito do esquema totalizaram R$ 120 bilhões.
Desdobramentos
A operação foi chamada de “Tai-Pan”, em referência a uma obra literária sobre um empresário do século XIX que comercializava mercadorias chinesas.
Os acusados enfrentarão acusações de organização criminosa, ocultação de capitais e evasão de divisas, com penas que podem chegar a 35 anos de prisão.