A Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc, na sigla em inglês) desistiu de comprar parte da Braskem. O anuncio foi feito pela controladora da petroquímica, a Novonor (ex-Odebrecht), na manhã desta segunda-feira, 6.
De acordo com o comunicado, apesar da recusa da Adnoc, a empresa mantém seu compromisso com o processo de venda, conforme os acordos estabelecidos com os interessados.
Inicialmente, a Adnoc, em parceria com a gestora norte-americana Apollo, manifestou interesse na compra da fatia da Novonor na Braskem. Depois da saída da Apollo, em novembro, o valor de R$ 10,5 bilhões foi proposto pela totalidade da participação.
A Novonor, detentora de 50,1% das ações ordinárias e 38,3% do capital total da Braskem, pretende vender sua participação como parte de seu plano de recuperação judicial, que supera os R$ 80 bilhões. As ações começaram em 2019.
Embora houvesse interesse de outros compradores, como a LyondellBasell; a J&F; a Unipar; a Sabic, da Arábia Saudita; e a PIC, do Kuwait, as negociações com a Adnoc haviam posicionado a estatal de Abu Dhabi como a principal candidata à aquisição.
Mesmo com a diminuição das conversas com a J&F e a Unipar, estas não retiraram suas propostas, permanecendo como interessadas na aquisição da participação na Braskem.
Por que a Adnoc desistiu de comprar parte da Braskem?
A retirada da Adnoc do acordo é atribuída aos problemas enfrentados pela Braskem em Maceió, onde a mineração de sal-gema resultou no afundamento de cinco bairros, ocasionando custos acima de R$ 15 bilhões e inúmeras questões legais pendentes. Esse cenário levou à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para investigar o caso.
De acordo com informações do jornal Estadão, a incerteza causada por revisões nos passivos ambientais relacionados à operação desativada em Maceió, além do aumento da interferência política, levou a Adnoc a buscar outros investimentos, desistindo da Braskem.
Especialistas do setor sugerem que a Novonor e a Petrobras, esta última possuindo 47% das ações ordinárias e 36,1% do total da Braskem, podem reavaliar suas opções, argumentando sobre a “impossibilidade” da fatia da empresa permanecer à venda.
No entanto, para a Petrobras, assumir o controle total da Braskem poderia implicar um alto custo político, especialmente devido ao envolvimento anterior da Odebrecht no escândalo da Lava Jato.