domingo, julho 7, 2024
InícioGeralPesquisadores brasileiros testam vacina contra efeitos da cocaína

Pesquisadores brasileiros testam vacina contra efeitos da cocaína

Imunizante deve bloquear a sensação de euforia causada pela droga

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão testando uma vacina com a função de bloquear os efeitos de euforia, autoconfiança e excitação provocados pelo uso da cocaína.

Os cientistas já obtiveram experiências bem-sucedidas em cobaias na etapa pré-clínica. Agora, aguardam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar testes em humanos, a partir de 2025.

A ideia é que a vacina também funcione para os consumidores de crack, entorpecente mais barato e potencialmente viciante que agrava o problema das cracolândias, como a do centro de São Paulo.

‘Vacina terapêutica’

Líder da pesquisa, o professor de psiquiatria Frederico Garcia explica que a Calixcoca, como é chamada a vacina, não é como os imunizantes convencionais, produzidos a partir de uma proteína.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a equipe da UFMG desenvolveu uma nova estratégia vacinal. Esta utiliza molécula totalmente sintetizada em laboratório, capaz de dizer ao sistema imunológico que ele deve produzir anticorpos contra a droga.

Segundo Garcia, o imunizante é uma espécie de “vacina-soro” ou “vacina terapêutica”, como aquelas utilizadas no tratamento de alergias, que modulam o sistema imune para produzir anticorpos.

Sem efeitos de abstinência

A ideia é que a vacina também funcione para os viciados em crack | Imagem/Redes Sociais/Reprodução

Com base nos testes preliminares, o remédio poderá ser mais eficaz para dependentes em abstinência. Nesse grupo, a molécula bloqueou a entrada da cocaína no cérebro, diminuindo a percepção do seu efeito e aumentando a chance de o paciente permanecer sem a droga.

“A ideia não é prevenir, mas curar”, adiantou o professor, que se dedica à pesquisa há dez anos. “A vacina será usada nos maiores centros de tratamento do mundo, proporcionando à pessoa com dependência química uma vida saudável.”

Nos testes com cobaias, não foram observados efeitos colaterais graves e houve produção de anticorpos em ratos, camundongos e primatas.

Entre 2020 e 2021, essa foi a droga mais consumida no mundo, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. “Dos que consomem cocaína, um de cada quatro se tornará dependente”, afirmou Frederico Garcia.

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui