terça-feira, novembro 26, 2024
InícioCiência e tecnologiaPesquisa pode mudar tudo que sabemos sobre energia escura

Pesquisa pode mudar tudo que sabemos sobre energia escura

Físicos identificaram indícios de que a energia escura, força misteriosa responsável pela expansão do Universo, pode estar enfraquecendo. A descoberta, se confirmada, poderia transformar fundamentalmente a compreensão da física, segundo Adam Riess, astrofísico da Universidade Johns Hopkins e laureado com o Prêmio Nobel por co-descobrir a energia escura em 1998.

Para quem tem pressa:

  • Pesquisadores do projeto DESI (Instrumento Espectroscópico de Energia Escura) identificaram possíveis sinais de que a energia escura, responsável pela expansão do Universo, pode estar enfraquecendo ao longo do tempo;
  • Se confirmada, a variação na energia escura transformaria fundamentalmente a compreensão da física, alterando a teoria cosmológica vigente e potencialmente ajustando teorias relacionadas, como a Teoria das Cordas’
  • O DESI utilizou cinco mil fibras robóticas para automatizar a coleta de dados de galáxias no telescópio de Pico Kitt, Arizona. Entre maio de 2021 e junho de 2022, essas fibras mapearam cerca de seis milhões de galáxias, fornecendo insights detalhados sobre dez bilhões de anos da história cósmica, crucial para entender a estrutura e expansão do Universo;
  • Os dados coletados foram analisados de forma “cega” para evitar viés. E as descobertas foram reveladas numa reunião no Havaí, surpreendendo os pesquisadores. Paul Steinhardt, da Universidade de Princeton, sugere que uma alteração na energia escura poderia indicar que o Universo não está em um estado de energia mais baixo, mas em um que decai lentamente.

As evidências emergiram de um projeto liderado pelo Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI), que recentemente divulgou um mapa cósmico detalhado. Conforme publicado na Quanta Magazine, o mapa é resultante de medições extensivas.

Neste mapa, destaca-se um gráfico com três conjuntos de dados que sugerem a diminuição da influência da energia escura ao longo do tempo. O achado desafia a noção de que a energia escura é uma constante cosmológica, como proposto inicialmente por Albert Einstein.

Energia escura enfraquecendo?

(Imagem: Elena11/Shutterstock)

Dillon Brout, pesquisador da Universidade de Boston e membro da equipe do DESI, indicou que esses sinais podem representar uma mudança na natureza da energia escura. No entanto, ele e outros pesquisadores advertem que as observações atuais ainda não são conclusivas o suficiente para afirmar definitivamente que a energia escura está enfraquecendo.

Sesh Nadathur, cosmólogo da Universidade de Portsmouth que contribuiu para a análise dos dados do DESI, expressou entusiasmo com os resultados preliminares. Se confirmados, esses resultados representariam uma descoberta monumental na física, capaz de alterar nossa compreensão sobre o funcionamento do Universo, segundo o pesquisador.

Mapeamento de milhões de galáxias

(Imagem: Claire Lamman/DESI collaboration; custom colormap package by cmastro)

O trabalho do DESI incluiu a instalação de cinco mil fibras robóticas no telescópio localizado no Pico Kitt, Arizona. Essas fibras, que automatizam o processo de coleta de dados, possibilitaram o mapeamento de quase 200 mil galáxias em uma única noite, avanço significativo em relação a métodos anteriores.

De maio de 2021 a junho de 2022, essas fibras coletaram fótons de diferentes eras cósmicas, resultando num mapa que localiza aproximadamente seis milhões de galáxias ao longo de dez bilhões de anos da história do Universo. Esse mapeamento detalhado é crucial para entender a estrutura e expansão do cosmos.

O mapa se baseia no fenômeno das oscilações acústicas bariônicas (BAOs), ondulações de densidade congeladas no início do Universo. Essas ondulações, resultantes das interações entre matéria e luz, formaram uma estrutura de esferas que ajudam os pesquisadores a determinar distâncias exatas no cosmos, calibrando assim o mapa cósmico.

Mudança de comportamento da matéria escura

Imagem de estrelas e galáxias no Universo capturada pelos telescópios Hubble e James Webb
(Imagem: ESA e NASA)

O desenrolar dessas descobertas ocorreu durante uma análise “cega” em que os dados foram embaralhados para prevenir viés, revelando-se apenas no final do processo. 

O resultado, que pareceu estranhamente desviante do modelo padrão, foi desembaraçado numa reunião no Havaí, gerando reações de surpresa entre os pesquisadores ao revelar uma possível mudança no comportamento da energia escura.

Paul Steinhardt, cosmólogo da Universidade de Princeton, sugere que uma variação na energia escura implicaria uma nova fase do Universo, onde não estamos no estado de energia mais baixo, mas em um estado que decai lentamente. 

Essa nova perspectiva, se verificada, não apenas reformularia a teoria cosmológica como também ajustaria teorias cíclicas do Universo e conceitos da Teoria das Cordas.

Via Olhar Digital

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui