O período eleitoral de 2024 na Venezuela tem sido marcado por eventos alarmantes contra a oposição ao ditador Nicolás Maduro. Segundo a organização não-governamental (ONG) Laboratorio de Paz, desde o início da campanha, pelo menos 76 pessoas foram presas arbitrariamente, mais de 28 casos de assédio foram denunciados, e dezenas de abusos pela Polícia Nacional Boliviana foram registrados.
A perseguição contra líderes cristãos também aumentou. Relatos recebidos pela Portas Abertas, ONG que apoia cristãos perseguidos no mundo, revelam casos de acusações arbitrária, ameaças e tentativas de suborno por parte de representantes do atual governo. A identidade dos denunciantes foi preservada por questões de segurança.
O pastor Dario (nome fictício), por exemplo, foi visitado há algumas semanas por um representante do partido de Maduro em sua igreja. Ele disse que estava ali para investigá-lo e acusá-lo de oposição ao governo. Mesmo tendo familiares favoráveis ao governo e no setor público, o pastor se sente inseguro.
“Nunca me envolvi com política, apesar de ter minhas convicções”, relatou Dario. “Jamais incitei alguém. Minha missão é mobilizar as pessoas para levar a mensagem de esperança, os ensinos de Cristo.”
Às vésperas das eleições, o governo Maduro ofereceu benefícios para igrejas que apoiassem o governo. Muitos dos que recusaram as vantagens foram punidos. Pouco tempo depois do episódio envolvendo o representante, a igreja de Dario teve a energia cortada.
“É uma estratégia do governo para conseguir apoiadores”, acrescentou. “Eles nos oferecem boa infraestrutura para as igrejas e ajuda, mas não aceitamos. Por isso, eles cortam nossos cabos. Há oito dias, quando chegamos para o culto, não havia eletricidade. O cabo principal foi arrancado. Me sinto desconfortável por, como venezuelano, não poder ter liberdade de pensamento.”
Cristãos da Venezuela temem represálias
Outros líderes religiosos, como o pastor Abel (nome fictício), de Caracas, comentaram que muitos membros da igreja temem represálias por causa da votação. As ações do governo podem envolver ameaças, ataques às igrejas, difamação, prisões arbitrárias, vigilância, censura e restrição de acesso a serviços públicos, alimentos e medicações.
Em 2011, 88% da população venezuelana era cristã, com 71% de católicos e 17% de protestantes. Segundo a ONG, apesar das ameaças, os cristãos venezuelanos se uniram para encorajar uns aos outros em oração.
Eles intercederam pelos líderes, clamaram por discernimento e sabedoria do Espírito Santo nas eleições. O futuro da igreja no país está relacionado a situação política, pois sem transparência e liberdade, a igreja continuará a enfrentar empecilhos.