O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), anunciou neste domingo, 11, que realizou a extração completa dos dados das caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo (SP). O acidente envolvendo o voo 2238 da VoePass, deixou 62 mortos.
“Toda a gravação das duas caixas-pretas, de voz e de dados, foi codificada com sucesso”, afirmou o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa. A análise do material foi iniciada neste sábado, 10, depois de transferência das caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo para Brasília.
Segundo a FAB, os investigadores do Cenipa têm a previsão para encerramento dos trabalhos da ação inicial sobre a queda do avião em Vinhedo nesta segunda-feira, 12. Depois dessa fase, os peritos seguem para o estágio de análise de dados.
Na análise de dados serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, ao ambiente operacional e aos fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.
Com o fim do resgate dos corpos na noite de sábado, 10, as operações em Vinhedo (SP) se concentram na investigação das causas da queda do avião. Os mortos foram transferidos para o Instituto Médico Legal (IML) em São Paulo para identificação.
Até a tarde deste domingo, 11, peritos identificaram 12 corpos. Dois tiveram os nomes divulgados: o piloto Danilo Santos Romano e o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva. Um corpo foi liberado para os familiares e outros sete devem ter o processo finalizado até o fim do dia.
Outras 30 vítimas estão em processo de reconhecimento por peritos do IML. A polícia científica cruza informações fornecidas por familiares para confirmar identidades.
Investigação sobre causas da queda de avião em Vinhedo
O chefe do Cenipa confirmou a ausência de comunicação entre o comandante do avião que caiu em Vinhedo (SP) e a torre de controle. As investigações agora focam em entender se houve falha técnica no sistema de comunicação da aeronave.
Os trabalhos também continuam no residencial Recanto Florido, em Vinhedo, e não há previsão para a remoção dos destroços, especialmente dos motores, cruciais para a investigação.
“Os dados das caixas-pretas foram extraídos e agora aguardamos nossos investigadores retornarem a Brasília para transformar esse número enorme de dados em informação útil para a sociedade”, declarou o brigadeiro Marcelo Moreno.
Segundo o Cenipa, um relatório preliminar sobre as causas do acidente deve ser emitido em um prazo estipulado de 30 dias, respeitando protocolos internacionais de investigação de acidentes aéreos.
“Seguindo esses protocolos, temos por dever convidar os países envolvidos na fabricação dessa aeronave”, complementou Moreno.
Agências internacionais auxiliam na apuração
A Agência Francesa BEA, equivalente ao Cenipa, chegou ao local do acidente para integrar a investigação. A aeronave ATR 72-500 é de fabricação francesa. O órgão brasileiro aguarda a chegada da agência canadense TSB, que investigará se os motores tinham potência no momento da queda, já que o equipamento é canadense.
Até que todas as investigações sejam concluídas, o local onde a aeronave caiu permanecerá interditado. O Cenipa teme que a remoção rápida dos destroços prejudique a investigação.
A aeronave caiu na sexta-feira 9, durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP), em uma casa no condomínio Recanto Florido. Imagens feitas por moradores mostram a queda livre do avião, seguida de explosão e fumaça.
O acidente matou os 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo. Inicialmente, foi divulgado que 61 pessoas estavam no avião, mas a Voepass afirmou que o nome de um passageiro não constava da lista de embarque.