sábado, outubro 5, 2024
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Perfis nos EUA insuflaram redes e estimularam ataques no 8 de janeiro, diz pesquisa

Uma pesquisa sobre o 8 de janeiro realizada pela Universidade do Sul da Flórida (USF) mostra que parte das publicações feitas em redes sociais antes e durante os ataques criminosos no Brasil veio de usuários registrados nos Estados Unidos.

O estudo conclui que existem redes de desinformação para além das fronteiras de um país e traça um paralelo entre o que aconteceu em Brasília com o 6 de janeiro de 2021, dia da invasão do Capitólio americano.

O autor da pesquisa, Joshua Scacco, chefe do Centro de Democracia Sustentável da universidade, explica que as contas baseadas nos Estados Unidos desempenharam papel relevante na divulgação e amplificação das mensagens, a ponto de liderar o número de publicações.

O levantamento filtrou postagens no Twitter que utilizaram expressões como “Brazilian Spring” e “Festa da Selma”, marcadas por organizadores para identificar os protestos.

“Orlando e Miami, na Flórida, foram locais proeminentes onde ocorreram quantidades significativas de mensagens no Twitter relacionadas à insurreição brasileira antes e no dia dos ataques. Como a comunicação digital não tem fronteiras, por vezes precisamos olhar para fora das fronteiras imediatas do nosso país para compreender os processos de influência”, disse à CNN.

A pesquisa teve início no momento em que os ataques estavam acontecendo e, entre os achados, chegou a usuários — alguns brasileiros que moram no estado da Flórida — com poucos seguidores, mas, mesmo assim, muito compartilhados entre apoiadores do 8 de janeiro.

São perfis que a pesquisa classificou de “pontes” entre centrais de desinformação e o público em massa.

“Os relatos da Florida representam uma constelação de indivíduos que espalharam e propagaram mensagens sobre a insurreição. Ilustram o poder dos meios de comunicação social e digital para ligar indivíduos além-fronteiras que partilham perspectivas semelhantes, bem como os ciclos de feedback de mensagens entre diferentes países. O que é significativo é que as pessoas irão procurar fontes confiáveis ​​que pensam como elas, mesmo que essas fontes divulguem conteúdo incorreto ou problemático”, destacou Scacco, que é PhD em Comunicação.

A tese é de que, se as “pontes” forem identificadas e “quebradas”, ou seja, tiradas do ar, as redes de desinformação sofreriam um forte abalo, ainda que tenham capacidade de reconstrução.

A mira em quem leva a informação — e não necessariamente nos perfis mais seguidos ou com localização dentro do Brasil — é uma das conclusões mais peculiares do estudo.

Especialmente desde 2021, ano dos ataques estimulados pelo ex-presidente americano Donald Trump e apoiadores, o tema democracia foi colocado no centro das discussões de governos e pesquisas. Isso aproximou ainda mais campos políticos do Brasil e dos Estados Unidos.

Scacco evita especulações sobre novos ataques nos dois países e destaca que a defesa da democracia é o que sempre deve se repetir.

“As democracias nas Américas, incluindo no Brasil e nos Estados Unidos, continuam frágeis e devem continuar a ser promovidas. Não quero especular se um evento acontecerá novamente. O que as pessoas precisam compreender é que a democracia não é uma garantia e deve ser trabalhada ativamente para garantir que todos se sintam representados e estejam representados”, conclui.

*Basília Rodrigues viajou a convite da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil

Via CNN

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