Desde a chegada de Lucca Antônio, de 2 anos, o Dia das Mães – celebrado no próximo domingo (11) – ganhou um significado especial para Priscila, 41, mais conhecida como Pepita.
Mulher trans, atriz, cantora e apresentadora, a multiartista, que está na fila de adoção para aumentar a família, é um dos nomes por trás da luta pelo fim da transfobia no Brasil.
“Minha vida é vestir um colete à prova de baladas para poder viver a maternidade. As pessoas se incomodam de me ver numa fila de prioridade, se incomodam quando eu falo que eu sou mãe, me olham com espanto”, contou ela em entrevista à revista Quem.
Ainda ao veículo, Pepita refletiu sobre se manter viva em um país em que a expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos.
“Quando fiz 40 anos, falei: ‘nossa estou viva’. Num país em que meu corpo parece carne de açougue, que é muito bom para sexo, mas difícil para o outro me assumir, eu estou viva”, desabafou.
Maternidade trans
Quanto à criação do filho, a artista, hoje casada com Kayque Nogueira, conta que sua missão é fazer com que ele entenda o que é o amor, o dividir, o respeito e a empatia.
“Esses são os lemas da minha vida. Conhecemos o que é respeito a qualquer ser humano”, afirmou.
Para ela, no entanto, o maior desafio está naqueles que não a reconhecem como mãe.
“As pessoas nunca vão melhorar, a transfobia é meu vizinho. A transfobia é meu corpo num lugar público, é meu corpo numa passarela, numa capa de revista. Quando fala ‘muito prazer, sou a mãe do Lucca’, tenho que estar pronta para isso”, acrescentou.
Na fila de adoção
Atualmente, Pepita está na fila de adoção para ser mãe de uma menina.
“Já estou no processo de adoção novamente. Quer ser mãe de uma menina! Isso vai ser uma realização e eu acho que o Lucca merece uma irmã para dividir sonhos, histórias e até brigas de vez em quando… Vai ser uma benção para mim. Entrei na fila de adoção e agora é esperar um, dois, cincos anos”.