sábado, dezembro 28, 2024
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Peixe com “cabeça de bolha“ está entre 27 novas espécies encontradas no Peru

Pesquisadores em uma expedição no Peru descobriram 27 novas espécies de animais para a ciência – entre elas um peixe com “cabeça de bolha” e um tipo de rato semiaquático.

A pesquisa foi conduzida pela Conservation International , uma organização ambiental sem fins lucrativos, e realizada ao longo de uma expedição de 38 dias, em 2022. A equipe trabalhou na paisagem de Alto Mayo, no noroeste do Peru, que cobre cerca de 1,9 milhão de hectares de florestas e áreas agrícolas e contém uma gama diversificada de ecossistemas.

Embora a região seja densamente povoada, relativamente pouco se sabe sobre sua biodiversidade e a saúde de seus ecossistemas — pesquisadores esperam preencher lacunas nos dados por meio da pesquisa.

No entanto, eles não esperavam descobrir tantas espécies novas para a ciência: quatro mamíferos, oito peixes, três anfíbios e dez espécies de borboletas.

Quando uma descoberta é considerada nova para a ciência, isso significa que ela nunca passou pelo processo científico formal pelo qual novas espécies recebem um nome científico.

“Ficamos muito surpresos ao encontrar uma biodiversidade tão alta em uma paisagem com tanta influência humana”, disse Trond Larsen, pesquisador que liderou a expedição e dirige o Programa de Avaliação Rápida da Conservation International.

Entre as novas espécies mais surpreendentes estava um camundongo anfíbio com dedos palmados – para se adaptar à vida na água. O grupo de roedores semi-aquáticos ao qual esse camundongo pertence é “extremamente raro”, disse Larsen, acrescentando que eles são “incrivelmente difíceis de encontrar (…) muito pouco se sabe sobre a vida dessas criaturas”.

Os pesquisadores encontraram essa espécie específica de camundongo em apenas um pequeno pedaço de floresta pantanosa, atualmente ameaçada por práticas agrícolas, o que a torna uma alta prioridade para conservação.

Os outros novos mamíferos que a equipe descobriu foram um camundongo espinhoso, um morcego frugívoro de cauda curta e um esquilo anão.

Também foi descrito pela primeira vez o peixe “cabeça de bolha”, que recebe esse nome por causa de sua cabeça alargada, parecida com uma bolha. Especialistas em peixes envolvidos na pesquisa nunca tinham visto uma característica como essa antes.

“O peixe com cabeça de bolha tem uma cabeça incrivelmente bizarra que parece quase um nariz gigante e inchado”, disse Larsen à CNN. “Os cientistas nunca viram nada parecido, e não sabemos qual é a função dessa estrutura bizarra em forma de bolha.” Uma teoria possível é que a bolha ajuda o animal a detectar comida, ele disse – mas “continua sendo um mistério”.

No geral, a pesquisa registrou 2.000 espécies na paisagem que se estende dos Andes à Amazônia e atravessa territórios indígenas, vilas e cidades. Dessas espécies, 49 estão na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza – o que significa que estão em risco de extinção.

Os pesquisadores esperam que conhecer mais sobre a biodiversidade da região possibilite implementar medidas eficazes de conservação diante das ameaças representadas pelo desmatamento e pela expansão agrícola.

E embora as descobertas possam ter sido “novas para a ciência”, isso não significa que elas eram totalmente desconhecidas. A expedição contou com a ajuda de pesquisadores indígenas locais e continua a colaborar com comunidades indígenas em esforços de conservação.

“Esta avaliação rápida permite que os Awajún (comunidade indígena) protejam nossa cultura, recursos naturais e nosso território, pois temos uma conexão profunda com a natureza”, disse Yulisa Tuwi, uma mulher Awajún que auxiliou na pesquisa sobre répteis e anfíbios.

“Fazer parte desta pesquisa me permitiu entender melhor como as plantas, os animais e os ecossistemas interagem entre si, e como isso faz parte da nossa cosmovisão Awajún ”, disse ela em um comunicado à imprensa.

“Nosso principal objetivo é fornecer o conhecimento científico necessário para levar a conservação adiante de uma forma que funcione para a natureza e as pessoas”, disse Larsen, que acrescentou que o tempo é limitado para atingir as metas globais de conservação da biodiversidade.

Via CNN

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