Com a presença da viúva de Anderson Gomes, a Câmara realizou uma sessão solene, nesta terça-feira (26), para relembrar os seis anos do assassinato dele e de Marielle Franco.
A cerimônia aconteceu no momento em que suspeitos de serem mandantes do crime foram presos. Um deles é deputado federal: Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Nesta terça (26), ficou travada, por um pedido de vista, a análise da prisão do parlamentar em comissão da Casa.
Em seu discurso, Agatha Arnaus, a viúva de Anderson Gomes, disse que a prisão dos suspeito não lhe causou alívio, mas, sim, despertou um desejo ainda maior por justiça.
A luta por verdade não pode ser esquecida. Temos que nos manter firmes. É uma dor tão profunda, é uma dor que não consigo nem colocar em palavras. É uma ferida que não vai cicatrizar. Me faltam palavras para descrever a raiva que eu sinto hoje. Não sinto nenhum alívio, nenhuma paz. Espero muito mais. Espero uma Justiça forte
Agatha Arnaus
Segundo a viúva, “até agora, as respostas que foram dadas não foram suficientes”. “Meu filho merece, Anderson e Marielle merecem”, disse Agatha. “Seis anos é muito tempo”.
A solenidade foi solicitada pela deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) antes das prisões, realizadas no último domingo (24). Ao abrir a sessão, Talíria afirmou que a prisão dos supostos mandantes do crime traz esperança, mas também uma sensação de revolta.
“Como todos podem imaginar, este momento nos traz a esperança de que esse crime que abalou a democracia brasileira seja esclarecido e tenha um desfecho, mas, ao mesmo tempo, nos traz muita revolta. Há 6 anos, a nossa bancada realiza esta sessão para lembrar o legado, mas também para exigir justiça por Marielle e Anderson”, disse.
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, também esteve presente na homenagem a Marielle e Anderson. Em sua fala, Almeida afirmou que os esclarecimentos da morte da vereadora e seu motorista só vieram à tona por conta da luta, persistência e cobrança da população.
“Essa perda representou o início de um processo de degradação institucional da sociedade brasileira. As revelações da PF mostraram as entranhas de um estado apodrecido, uma sociedade conivente com as piores coisas”, disse o ministro. “Esses canalhas que foram presos subestimaram a força do povo brasileiro. Acharam que estavam matando mais uma mulher negra e que o estado não daria conta. Eles subestimaram nossa força e capacidade de organização”, afirmou o ministro.
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