terça-feira, dezembro 24, 2024
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PCC usa empresas fictícias e fintechs para lavar dinheiro com apoio de policiais

Em julho de 2020, Cyllas Salerno Elia Júnior fundou a fintech 2GO. Na época, ele conciliava a carreira no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo, responsável por combater o crime organizado, com o novo empreendimento, que prometia oferecer soluções financeiras e tecnológicas para empresas e clubes de futebol.

O crescimento expressivo da fintech levou Elia a solicitar, em dezembro de 2022, um afastamento não remunerado da corporação para se dedicar exclusivamente ao setor corporativo. Em seu perfil no LinkedIn, ele descreve seu atual trabalho como “desenvolvimento de grandes projetos tecnológicos utilizando sistemas bancários nacionais e internacionais”

A Polícia Federal (PF), por meio da operação Dólar Tai-pan deflagrada em novembro de 2023, expôs uma faceta sombria da trajetória de Elia. Em apenas três anos, a 2GO acumulou 20 mil correntistas e movimentou R$ 4 bilhões. Contudo, as investigações apontaram que parte considerável dos clientes utilizava os serviços da fintech para movimentar recursos de forma anônima e encobrir a origem ilícita do dinheiro.

A PF identificou indícios de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) usava a 2GO para lavar dinheiro. Antônio Vinicius Gritzbach, empresário acusado de atuar para a facção e delator do esquema, relatou que a fintech intermediava transações para a aquisição de imóveis de luxo. Gritzbach também revelou que Elia mantinha ligação com dois líderes do PCC, Rafael Maeda e Anselmo Santa Fausta, ambos mortos em disputas internas.

Esquemas milionários de lavagem com o PCC

Além de Elia, outros policiais estão sob investigação por envolvimento com a lavagem de dinheiro do PCC. Entre eles, o ex-sargento Farani Salvador Freitas da Rocha Júnior e os policiais civis Valdenir Paulo de Almeida e Valmir Pinheiro. Os casos incluem movimentações financeiras incompatíveis com seus rendimentos e o uso de empresas de fachada para ocultar a origem dos valores.

Essas investigações revelam lacunas na regulamentação de fintechs. Essas falhas facilitam a ação de criminosos. Elas criam barreiras que dificultam a Justiça de rastrear a origem dos recursos e punir os envolvidos.

Ao jornal O Globo, a defesa do ex-sargento Farani Rocha Júnior afirmou que a investigação sobre a suposta prática de lavagem de dinheiro pelo ex-PM ainda não foi concluída “uma vez que não foram arrecadados elementos que pudessem apontar para a existência de crimes”. Os demais investigados, não se manifestaram.

Via Revista Oeste

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