Um ano de investigação sobre lojas de carros de luxo no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, revelou um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens pelos criminosos PCC. Em conjunto, Receita Federal, Ministério Público Estadual e Polícia Civil analisaram cerca de 500 transações com veículos cujo valor varia entre R$ 200 mil e R$ 4 milhões.
O esquema entrou na mira da polícia depois da morte de Rafael Maeda Pires, conhecido como Japonês do PCC. O corpo do bandido estava dentro de um Toyota Corolla blindado, em um prédio comercial na Rua Antônio de Barros. Um detalhe que chamou a atenção dos agentes foi um adesivo da loja AK Motors, colado no automóvel. Logo, as investigação se voltaram para a empresa.
Apreensão de carros de luxo na AK Motors
Em 27 de julho de 2023, a polícia apreendeu 55 carros na loja de luxo AK Motors. Havia Ferrari, Porsche, Mercedes e uma McLaren de quase R$ 2,4 milhões. Os veículos estavam consignados e aguardavam venda. Um ano depois, 18 carros permanecem bloqueados, pois os donos não os reclamaram.
Em abril de 2024, a operação se expandiu para a loja Imperial, onde 31 veículos de luxo foram apreendidos. No dia seguinte, a loja EZ Veículos foi alvo da Operação Fim da Linha, que investiga a captura do transporte público de São Paulo pelo PCC. A Receita Federal apreendeu 350 registros de transações.
Análise de documentos e ocultação de patrimônio
A Delegacia de Fraudes Estruturadas da Receita Federal está analisando os documentos, que revelam os verdadeiros proprietários dos veículos. A loja vendia os carros, mas não transferia a propriedade, ocultando o patrimônio de pessoas que não podiam justificar sua riqueza.
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“Além de ocultar o patrimônio, os carros são uma forma de ‘guardar’ o dinheiro da organização criminosa, que podem dispor deles segundo suas necessidades”, afirmou Fábio Bechara, do Grupo de Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).