Os grupos Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) conseguiram ampliar sua presença e hoje atuam nos presídios em mais de 20 Estados brasileiros, segundo a Folha de S. Paulo.
Eles estão disponíveis no relatório Mapa Orcrim (Organizações Criminosas) 2024, elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O estudo traz detalhes sobre a atuação das gangues no sistema penitenciário.
A pesquisa mostra que o CV alcança 22 unidades da federação – no ano passado eram 21 unidades.
O Distrito Federal e Sergipe, que revelaram a presença de CV no levantamento anterior, afirmaram não haver registro desta facção em suas áreas.
O PCC, por sua vez, já está presente em 24 Estados, ante 23 encontrados em 2023. A presença desse grupo também foi constatada na Bahia e no Amapá. O DF não tem mais registro local da presença desta organização.
O mapa das facções nos presídios foi apresentado pela Folha em dezembro de 2023, quando foram encontradas 70 organizações criminosas nestes locais.
No total, de 2022 a 2024, o Ministério da Justiça conseguiu mapear 88 divisões diferentes na prisão. Em 2022, foram encontradas 58 organizações criminosas, que aumentaram para 70 no ano seguinte.
Este ano, a informação das autoridades federais é a de que 65 gangues operam em prisões. Este estudo se baseia em informações fornecidas pelos governos à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), o que pode explicar alterações nos dados ao longo dos anos.
Variação nas informações dos Estados sobre a presença do PCC e do Comando Vermelho
O CV, relata a Folha, é considerado de difícil monitoramento pelas autoridades, por ser menos organizado que o PCC, fundado na Casa de Custódia de Taubaté (São Paulo), em 1993, que mantém registros detalhados de seus membros e armas.
Essas facções surgiram reivindicando melhorias nas condições dos presídios, mas fortaleceram-se no tráfico de drogas, o que levou a disputas territoriais afetando a população e a segurança pública.
Dentro dos presídios, os grupos buscam controle total, com membros dos grupos controlando chaves de celas, horários de banho de sol e atendimento médico.
Presos e egressos indicam que o recrutamento de novos membros pelas facções é constante. As condições do sistema prisional facilitam.
Com a superlotação, não há separação adequada de internos. O Brasil, com uma população carcerária de 644 mil presos, tem um déficit de mais de 162 mil vagas em presídios estaduais.
O país tem a terceira maior população carcerária do mundo. Segundo pesquisa do Datafolha, facções criminosas e milícias estiveram presentes na vizinhança de 14% da população brasileira nos últimos 12 meses.
A maioria dos entrevistados não conviveu com o crime organizado em seu bairro, mas 23 milhões de pessoas em todo o país estão sujeitas ao controle desses grupos.
Pretos e pardos são mais afetados pela presença do crime organizado do que a população branca, destaca o jornal. Além disso, pessoas mais jovens relatam a presença de facções e milícias em suas áreas com mais frequência do que os mais velhos.
Segundo a Senappen, os Estados com a presença do PCC no sistema prisional são: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Já os Estados com a presença do Comando Vermelho no sistema prisional são: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.