As bolsas de valores da Ásia e da Europa fecharam em forte alta nesta quinta-feira, 10. O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a suspensão por 90 dias do “tarifaço”, imposto a dezenas de países, animou os investidores.
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei registrou alta de 9,12%. Já o Topix subiu 8,09%, com valorização de todos os seus 33 subsetores. As ações de empresas de eletrodomésticos e montadoras de veículos foram as mais beneficiadas.
Em Seul, o índice Kospi avançou 6,6%, enquanto a bolsa australiana registrou 4,5% de ganho.

Mesmo o mercado de ações da China teve desempenho positivo, apesar de o presidente dos EUA ter subido a alíquota sobre produtos chineses para 125%. O índice CSI300, que abrange companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 1,31%, enquanto o SSEC, de Xangai, teve 1,16% de alta. Em Hong Kong, o índice Hang Seng avançou 2,06%.
As praças europeias seguiram a mesma tendência, com forte alta na manhã desta quinta-feira. O índice Stoxx 600, que reúne as ações da principais companhias do continente, chegou a se valorizar mais de 5%. A alta havia esfriado para 4,16%, às 11h10.
O desempenho do índice, entretanto, é insuficiente para recuperar as perdas desde 2 de abril, quando Trump anunciou o “tarifaço”. O Stoxx 600 despencou 12,5% na data.

A Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, chegou a disparar quase 8% na abertura do pregão. O índice DAX reduziu o ímpeto ao longo da manhã e registrava 4,95% de alta às 11h15. Em Londres, o FTSE 100, com as cem principais empresas do Reino Unido, subia 3,86% no mesmo horário, enquanto o francês CAC 40 tinha 4,92% de ganho.
Já o V2TX, indicador da volatilidade do mercado acionário da Zona do Euro, registrava 34,5 pontos na manhã desta quinta-feira, nível considerado alto. O número revela que as fortes oscilações no mercado financeiro europeu ainda não acabaram.
EUA realizam lucros depois de disparada na data do anúncio
O mercado norte-americano vai na contramão do otimismo na Ásia e na Europa. Os índices futuros dos EUA operam em queda nesta quinta-feira, com mais de 2% de baixa do US 500 e quase 3% do Nasdaq futuro.
As bolsas de valores do país também se desvalorizam desde a abertura. O índice Dow Jones caía 1,95%, às 11h42, enquanto o S&P 500, que reúne as principais 500 empresas dos EUA, tinha 2,45% de baixa no mesmo horário. O Nasdaq, focado em tecnologia, cai 3%.
As baixas no mercado à vista podem ser uma correção da forte valorização da véspera. Nesta quarta-feira, 9, o S&P 500 fechou em alta de 9,5%, o maior ganho desde 2008, e o Nasdaq disparou mais de 12%, o maior salto em 24 anos.
O alívio generalizado entre os investidores globais chegou ao Brasil. O Ibovespa, principal índice acionário do país, disparou 3,11% e foi dos 122,88 mil pontos para 127,79 mil — a máxima histórica é de 137,34 mil. Já o dólar despencou 2,52%, para R$ 5,84 no fechamento.

Suspensão do “tarifaço” deixa China de fora
Trump anunciou a suspensão do “tarifaço” em sua plataforma Truth Social, em meio a um derretimento generalizado das bolsas de valores do mundo.
“Com base no fato de que mais de 75 países entraram em contato para negociar uma solução, e que esses países, por minha forte recomendação, não retaliaram de nenhuma forma contra os Estados Unidos, autorizei uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida, de 10%, com efeito imediato”, escreveu Trump.
Apenas a China não foi incluída no pacote. Na verdade, Trump aumentou ainda mais a alíquota sobre produtos chineses, de 104% para 125%, em resposta à retaliação de Pequim à primeira sobretaxa norte-americana. O governo chinês estabeleceu uma taxa de 84% para os produtos importados dos EUA.