O Parlamento de Israel discute um projeto de lei que pode impedir a agência da ONU para assistência de palestinos (UNRWA) de operar no país. A proposta pretende proibir autoridades israelenses de prestar serviços ou interagir com funcionários da agência.
A proposta no Knesset se deve à relação estreita de funcionários da agência com o grupo terrorista Hamas. A UNRWA, por sua vez, nega as acusações e reafirma o compromisso de sua equipe com a neutralidade.
Yulia Malinovsky, deputada israelense, acusou o embaixador dos Estados Unidos, Jacob Lew, de fazer lobby com líderes da oposição, como Avigdor Lieberman, Yair Lapid e Benny Gantz, para bloquear o projeto. Malinovsky declarou que considera “inaceitável” essa pressão por parte dos EUA.
O governo norte-americano, por meio de um porta-voz, afirmou que a legislação tornaria impossível o funcionamento da UNRWA, resultando em um “vácuo que Israel seria responsável por preencher”. O Departamento de Estado dos EUA, entretanto, não comentou conversas diplomáticas privadas.
O envolvimento da agência da ONU com o Hamas, segundo Israel
Em outubro, contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), afirmou que as tropas israelenses mataram um comandante da força ‘Nukhba’ do Hamas.
Esse comandante também trabalhava na UNRWA desde julho de 2022. Israel Katz, ministro das Relações Exteriores, acusou o secretário-geral da ONU, António Guterres, de demonstrar “hipocrisia e insensibilidade”. Katz criticou Guterres por lamentar a morte de um “colega da UNRWA”.
Diversos governos suspenderam o financiamento à agência no início do ano enquanto investigam alegações feitas por Israel.
Líderes da oposição israelense também criticam a agência. Yair Lapid acusa a UNRWA de desempenhar “um papel ativo no massacre brutal de 7 de outubro”, permitindo o lançamento de ataques terroristas a partir de suas instalações. Já Benny Gantz, ex-membro do gabinete de guerra, afirmou que a UNRWA “se tornou um componente inseparável do mecanismo do Hamas”.
UNRWA nega envolvimento com terroristas; países demonstram apreensão
A UNRWA defende que 66 dos 30 mil funcionários mencionados representam apenas 0,22% de sua folha de pagamento, rejeitando qualquer infiltração sistêmica.
Ministros das Relações Exteriores do Canadá, Austrália, França, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido expressaram “grave preocupação” com o projeto de lei.
Eles alertam que sem a UNRWA, a entrega de assistência vital como educação, saúde e combustível em Gaza e Cisjordânia ficaria severamente comprometida. Esses países pedem que Israel cumpra suas obrigações internacionais e facilite o acesso total e desimpedido da ajuda humanitária.