Mais de 200 atletas ucranianos assinaram uma carta pedindo ao presidente francês, Emmanuel Macron, a exclusão de atletas russos e bielorrussos da participação nas Olimpíadas e Paralimpíadas deste ano, em Paris.
Em meio ao atual conflito Ucrânia-Rússia, a carta aberta, publicada em 29 de dezembro pelo Ministério do Esporte da Ucrânia, também é dirigida à prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, à ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castéra, e a outros organizadores dos Jogos.
O grupo, que conta agora com 218 atletas ucranianos, tem nomes como Mykhaylo Mudryk, jogador do Chelsea, e Anatoly Trubin, goleiro do Benfica.
“Em julho de 2024, terão início os XXXIII Jogos Olímpicos em Paris. Nós, atletas ucranianos, buscamos seu apoio contínuo na luta para defender os princípios olímpicos e impedir a participação de atletas de estados terroristas”, dizia a carta.
“Nenhum atleta desses países se pronunciou publicamente contra os assassinatos, contra o genocídio do povo ucraniano durante a guerra.”
No ano passado, o Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou que os atletas russos e bielorrussos que se classificaram para Paris 2024 serão elegíveis para competir como atletas neutros — desde que cumpram os requisitos de elegibilidade. A decisão se aplica apenas a atletas individuais e não inclui equipes desses países.
Os atletas que apoiam ativamente a guerra ou que são contratados para os serviços militares do seu país também não serão elegíveis para competir.
O COI disse que “nenhuma bandeira, hino, cores ou qualquer outra identificação da Rússia ou da Bielorrússia será exibida” nos Jogos.
No ano passado, o Comité Paralímpico Internacional (IPC) votou contra a suspensão total dos comités paralímpicos nacionais (NPC) dos dois países, o que significa que os paratletas russos e bielorrussos também poderão competir sob uma bandeira neutra nos Jogos Paralímpicos. Nem o comitê organizador de Paris 2024 nem o governo francês têm jurisdição sobre quem se qualifica para os Jogos.
“É importante observar que a classificação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, bem como a implementação de condições estritas de elegibilidade para AINs [atletas individuais neutros] são de responsabilidade do COI e das Federações Internacionais”, disse um porta-voz de Paris 2024 à CNN.
“A responsabilidade de Paris 2024 é receber os atletas que se classificaram para os Jogos nas melhores condições possíveis, independentemente da sua nacionalidade. Faltando pouco mais de seis meses para o início dos Jogos, esse continua sendo nosso objetivo principal. No contexto do conflito em curso, gostaríamos de expressar a nossa solidariedade contínua com a Ucrânia, o seu povo e os movimentos olímpicos e paraolímpicos ucranianos.”
A CNN entrou em contato com o governo francês para comentar.
Atletas russos e bielorrussos foram banidos da maioria das competições internacionais em fevereiro de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia e a assistência da Bielorrússia no ataque. Mais de 400 atletas ucranianos foram mortos desde que a Rússia lançou a invasão em grande escala, disse o presidente do Comitê Olímpico Nacional Ucraniano (CON), Vadym Gutzait, na TV estatal ucraniana no mês passado.
Apesar do conflito em curso na Ucrânia, o COI delineou em março do ano passado um plano de várias etapas para a participação de atletas russos e bielorrussos em Paris 2024. Foi uma decisão que atraiu críticas — uma declaração conjunta do grupo Global Athlete disse que os planos apenas fortaleceram “a máquina de propaganda da Rússia”.
Em dezembro, o COI revelou então que dos 4.600 atletas que já se classificaram para Paris 2024, apenas oito tinham passaporte russo, mais três com passaporte bielorrusso.
A carta aberta dos atletas ucranianos acrescenta: “Permitir esses atletas contradiz as recomendações fundamentais do Comité Olímpico Internacional, uma vez que os atletas admitidos nos Jogos Olímpicos não são ‘neutros’, mas sim apoiadores declarados da guerra”.
De acordo com a Reuters, o Ministro da Juventude e Esporte da Ucrânia, Matviy Bidnyi, disse que o país deve considerar a participação em Paris 2024, após a decisão do COI em dezembro.
“Não devemos tomar decisões precipitadas. Será uma decisão equilibrada e temos que comunicá-la ao público. Pesaremos os prós e os contras com muito cuidado”, disse ele em rede nacional.
As Olimpíadas de Paris 2024 acontecem entre 26 de julho e 11 de agosto, enquanto as Paraolimpíadas acontecem de 28 de agosto a 8 de setembro.