Depois de uma semana marcada por sua mais dura derrota no Congresso Nacional, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descreveu o Brasil como uma “encrenca”. Além disso, o petista definiu o país como “difícil de administrar”.
Haddad deu declaração ao participar, neste sábado, 15, de evento do Instituto Conhecimento Liberta (ICL). O encontro ocorreu na capital paulista. Sem citar nomes, ele teceu críticas a quem está em “posição de poder”.
“Às vezes, quem está em uma posição de poder não está fazendo a coisa certa pelo país. Isso é a coisa mais triste da vida pública”, afirmou Haddad, no evento do ICL. “Quem pode fazer a diferença nem sempre está pensando no interesse público, e devia estar, né? Porque está em uma posição de poder, ou porque é um grande empresário ou porque é um político com mandato.”
Na terça-feira 11, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu ao governo a maior parte da medida provisória que limitava a compensação de créditos do PIS/Cofins. O texto impactava, sobretudo, o agronegócio e os exportadores.
A medida tinha como objetivo compensar a desoneração da folha dos 17 setores que mais empregam no Brasil, mas irritou lideranças empresariais. Eles alegam que estão arcando com a maior parte do ajuste fiscal sem que o Poder Executivo revise suas despesas.
Críticas de Haddad
Durante a fala, Haddad foi interrompido por gritos de “Fora, Lira”, que vinham da plateia e faziam referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O ministro da Fazenda também criticou a ausência de foco em questões sérias no Legislativo.
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“A todo momento, você fica apreensivo: que lei vão aprovar?”, indagou o aliado de Lula. “O que vão fazer? Que maluquice é essa? O que estão falando? Por que não se dedicam a coisas sérias, que vão mudar a vida das pessoas? Para que essa espuma toda para criar cizânia na sociedade e briga na família?”
Reação do governo
Pressionado, Haddad, junto com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu uma intensificação na agenda de revisão e corte de gastos, que ainda não saiu do papel. Esse coro foi reforçado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Neste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também aderiu ao discurso, afirmando que está disposto a rediscutir os gastos do governo. Lula esteve na Itália para uma reunião do G7, que é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Lula afirmou ter solicitado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma reunião do conselho orçamentário nesta semana para discutir as despesas públicas. Costa integra a Junta de Execução Orçamentária. Além dele, o colegiado conta com Haddad e as ministras Simone Tebet e Esther Dweck (Gestão).