Em outubro de 2021, Guilherme Boulos (Psol-SP) escreveu em sua conta no Twitter/X que “rachadinha é corrupção” e que quem a pratica deve ir para a cadeia. Quase três anos se passaram, e agora o deputado federal defende o arquivamento do processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que acusa o deputado André Janones (Avante-MG) do mesmo crime.
Rachadinha é corrupção. E mais de tantas razões para Bolsonaro ir pra cadeia!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) October 27, 2021
Janones é acusado de ter mantido esquema para pegar para si parte dos salários dos seus assessores de gabinete. Relator do caso na Câmara, Boulos argumenta que o relatório não trata do “mérito se o deputado André Janones cometeu ou não crime de rachadinha”. Mas, sim, “da formalidade técnica da existência ou não de jurisprudência” do caso.
Boulos também alega em plenário do Conselho de Ética que não há justa causa entre os fatos narrados nem quebra de decoro, em razão de o episódio ter ocorrido em 2019 — ou seja, antes do atual mandato. Ele sustenta ainda que a Casa Baixa já tinha esse precedente e que, portanto, não poderia haver “dois pesos e duas medidas.”
A votação no conselho sobre a acusação de “rachadinha” envolvendo Janones foi adiada devido a um pedido de vista coletivo. O parlamentar Cabo Gilberto Silva (PL-PB) disse respeitar Boulos, mas afirmou que as justificativas apresentadas pelo psolista eram “facilmente rebatidas”.
Ele também declarou que a denúncia não prosperou na legislatura anterior, quando Janones foi eleito pela primeira vez, porque não era de conhecimento público.
Servidores acusam Janones de “rachadinha”
O processo por prática de “rachadinha” contra Janones se deu depois de representação do Partido Liberal (PL), que chegou a pedir a cassação do deputado federal. Servidores do gabinete de André Janones acusaram o parlamentar da prática criminosa.
A sigla apresentou áudios do parlamentar, publicados na imprensa, nos quais ele reivindica repasse de parte dos salários dos funcionários lotados em seu gabinete para ajudar a cobrir despesas de campanhas eleitorais. Um inquérito para apurar as denúncias corre no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em uma gravação de uma reunião de 2019, Janones menciona o fato de que alguns funcionários “receberão um acréscimo salarial” e que o ajudarão a “cobrir as despesas remanescentes” da sua campanha para prefeito.